Oprah Winfrey é sinónimo de influência, sucesso e entretenimento. A vedeta, de 63 anos, mesmo tendo deixado de apresentar, em 2011, o programa com o seu nome, continua a ser das caras mais conhecidas nos EUA e no mundo. É também a mulher americana negra mais rica. É uma das mil pessoas mais ricas do mundo (está no lugar 660 segundo a última lista da Forbes). Agora, depois de um discurso histórico na cerimónia dos Globos de Ouro, regressa a crença de muitos de que Oprah poderá candidatar-se à presidência dos Estados Unidos da América, na corrida à Casa Branca de 2020. Recordamos alguns dos momentos mais marcantes da vida de Oprah.

Oprah quer (mesmo) ser presidente dos Estados Unidos da América. Dizem os seus amigos

A infância e adolescência trágicas

Oprah Winfrey pode ter uma fortuna de mais de três mil milhões de dólares, mas as suas origens foram humildes e sofridas. Com 9 anos foi violada por um primo que lhe fazia babysitting e foi molestada por outros familiares.

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“Fui violada quando tinha 9 anos por um primo e nunca disse a ninguém até que cheguei aos vinte e tais. Não só fui violada por um primo, como depois fui molestada por um amigo da família e, depois, por um tio. Era uma coisa que acontecia. Tanto que comecei a pensar: isto é o que a vida é”, afirmou Oprah numa entrevista em que conta o seu flagelo e a sua história de vida.

http://www.youtube.com/watch?v=6BZjerNwfxg&t=17m30s

Foi aos 14 anos que Oprah engravidou. Só aos sete meses é que foi capaz de contar ao pai, com quem vivia em Nashville. No mesmo dia em que revelou o segredo, entrou em trabalho de parto. Um rapaz nascia, mas viria a morrer duas semanas depois. “Tentei esconder a gravidez por dor e vergonha”, contou Oprah. Bastante mais tarde revelou que o filho se chamava Canaan.

A mãe teve-a aos 18 anos e o pai, um mineiro, tinha 20. Pouco depois separaram-se, fazendo com que, enquanto crescia, Oprah vivesse entre a casa do pai e da mãe. “Não vivia em habitações sociais, e se me perguntassem na altura se éramos pobres, provavelmente dizia que não, porque quando se vive assim [na pobreza] não se percebe”, contou em entrevista.

As lojas que não a reconhecem e, por ser negra, lhe negam serviço

É famoso o episódio em que Oprah Winfrey entrou numa loja em Paris que, por ser negra, lhe negou serviço. Conta a lenda que a apresentadora, como uma vingança ao estilo de Julia Roberts, no filme Pretty Woman, comprou a loja e despediu o funcionário. A história verdadeira não é bem assim, mas tem fundo de verdade. E não é a única situação do estilo em que a ex-apresentadora esteve envolvida.

Foi em 2005 que Oprah, já considerada uma das mais pessoas mais influentes do mundo, tentou entrar numa loja da Hermès, em Paris, para fazer uma compra. A vedeta, sem maquilhagem e com o característico corte de cabelo, pediu para entrar após o fecho da loja. Um amigo de Winfrey terá dito ao Daily News que o mesmo pedido, em situação análoga, tinha sido feito por celebridades como Celine Dion ou Barbra Streisand e lhes tinha sido concedido. A acusação de racismo à Hermès não tardou a aparecer, levando a marca a emitir um comunicado numa época em que as redes sociais ainda não punham lenha na fogueira com qualquer escândalo.

O episódio pode ter ficado fechado, mas o mito ficou. Em 2013, uma nova polémica. Segundo contou Oprah, e como foi noticiado pela CNN, estando a vedeta em Zurique, na Suíça, para o casamento da cantora Tina Turner, saiu sozinha do hotel para ir a uma loja e assim surgiu o episódio da mala Donna Karan. “Quero ver aquela mala”, disse Oprah. A funcionária, alegadamente, respondeu: “Não quero causar-lhe embaraço”. A apresentadora ainda pediu, mais uma vez, para ver a mala mas tudo terminou com Oprah a dizer: “OK, muito obrigado, provavelmente está certa, não posso comprar isso”.

“Podia ter-me passado e atirado o cartão preto [um cartão de crédito da American Express para multimilionários] e isso tudo, mas para quê?”, disse Oprah em relação ao incidente na loja Trois Pomme, em Zurique.

A palavra racismo, mais uma vez, só surgiu depois, em interpretações do momento. Os donos da loja Trois Pomme ainda disseram que tudo se tratou “de um mal entendido”, mas o episódio mostrou que há coisas que demoram (muito) a mudar.

A nomeação para o Óscar com “A Cor Púrpura”

Foi no filme de Steven Spielberg que se viu que a famosa apresentadora queria — ao entrar no mundo do entretenimento — ser atriz e não apresentadora. No filme “A Cor Púrpura”, de 1895, baseado no livro com o mesmo nome, graças à interpretação da personagem de Sofia Johnson, foi nomeada para o Óscar de melhor atriz secundária. Não ganhou o prémio, mas mais filmes se seguiram, não só como atriz, mas também como produtora (“Selma” e “Precious” são alguns dos mais bem-sucedidos exemplos).

O Óscar viria em dezembro de 2011, quando recebeu o prémio honorário pelo trabalho de caridade que sempre fez. A Academia Americana de Cinema concedeu a Oprah uma estatueta. A vedeta relembrou, ao receber o prémio, que foi graças à nomeação de 1986 que começou o caminho para o trabalho de filantropia que ainda hoje a caracteriza.

As escolhas de Marcelo? Não, as escolhas de Oprah

O nome Oprah tornou-se, mais que uma pessoa, uma marca mundialmente conhecida. O apoio da vedeta a personalidades, políticas, iniciativas ou produtos transformaram-na numa das figuras mais influentes também para empresas. A rubrica do seu programa “O clube do livro de Oprah” ajudou a lançar novos autores. Na primeira vez que publicamente anunciou o apoio a um político, Barack Obama, este viria a tornar-se presidente norte-americano em 2008.

E foi com o apoio a Barack Obama que se falou do nome de Winfrey para a vida política, graças ao sucesso que tem junto não só do público, mas também do eleitorado. É também com esta influência que mantém, atualmente, a rubrica do clube do livro num canal que criou, que cria outros conteúdos. O OWN, Oprah Winfrey Network, um canal emitido em três países, em cerca de 80 milhões de lares.

Quando disse que ia acabar o programa

Provavelmente um dos momentos mais marcantes do seu programa. Oprah, no final da 24.ª temporada, em 2009, anunciou, emocionadamente, que a 25.ª seria a última. Razão? “Adoro este programa, tem sido a minha vida e adoro-o suficientemente para saber quando é tempo para dizer adeus”.

A última temporada bateu recordes de audiência. O último episódio, que teve 13 mil pessoas na plateia, foi projetado em salas de cinema.

Quando deu um carro a todos no público

Está sentado numa cadeira? Veja debaixo dela. Se está perto de Oprah Winfrey, pode ter um (grande) presente à sua espera. As ofertas da apresentadora tornaram-se um clássico da televisão americana, apenas mais um dos elementos com que influenciou quem veio depois dela. Ellen Degeneres, com “Ellen”, tem atualmente um formato vencedor na televisão graças ao caminho traçado por Oprah com o programa homónimo. De todos os momentos em que fez ofertas ao público, o mais conhecido será, provavelmente, o episódio em que de um automóvel a cada membro da audiência.

You get a car, you get a car and you get a car” (“tu recebes um carro, tu recebes um carro e tu recebes um carro”, em português), tornou-se numa frase marcante do programa. Ao todo foram 276 carros que o programa de Winfrey deu em setembro de 2004, mas não ficou livre de polémicas, graças aos impostos e burocracias relacionados com este tipo de prendas.

Relógios de diamantes, máquinas fotográficas, cruzeiros de sete dias e até mais carros, apenas algumas das melhores ofertas de Oprah no programa, que ficou também marcado por momentos insólitos. Como a vez em que o ator Tom Cruise saltou no conhecido sofá amarelo a proclamar a paixão que tinha por Katie Holmes.

Olhos de água? Não, olhos de Oprah (quando conheceu a irmã que não sabia que tinha)

Patricia Lee, irmã da parte da mãe, foi dada para adoção cerca de nove anos depois de Oprah nascer. A razão? A mãe de Winfrey não tinha condições para sustentar as filhas que já tinha. Ironias do destino: a irmã tem o mesmo nome de outra irmã da parte da mãe, que morreu em 2003, aos 43 anos.

Em 2007, Patricia Lee, ao ver uma entrevista da mãe biológica, percebeu que poderia ser a irmã que Oprah nunca conheceu. Só em 2010 é que o encontro aconteceu. Segundo contava na altura o USA Today, “em vez de ir para público falar sobre a ligação com a apresentadora, Patricia manteve a relação familiar em segredo para não prejudicar Oprah”. Solução da apresentadora para dizer ao mundo que descobriu uma irmã que não sabia que tinha: um episódio especial precisamente sobre isso.

https://www.youtube.com/watch?v=8UJuk_eIRmM

Patricia Lee foi em 2011 ao programa da irmã. Depois disso apareceu com Oprah na gala dos Óscares, também em 2011, e recebeu uma casa de meio milhão de dólares de ajuda para poder ir para a universidade. No final de 2017, Oprah fez questão de estar presente na cerimónia de graduação da irmã, partilhando o momento na sua conta de Instagram.