Kim Jong-un faz esta segunda-feira, dia 8 de janeiro, 34 anos — ou, pelo menos, é isso que se assume, já que a data de nascimento do líder norte-coreano foi sempre um grande mistério. Na realidade, não se sabe com toda a certeza, já que a data nunca foi confirmada pelo regime de Pyongyang.

O ano de 1984 foi indicado pela tia do líder da Coreia do Norte, que fugiu com o marido para os Estados Unidos em 1998. De acordo com Ko Yong Suk, o sobrinho nasceu no mesmo ano que o seu filho.

Ele e o meu filho brincaram juntos desde que nasceram. Mudei a fralda de ambos”, contou a irmã da mãe de Kim Jong-un, numa entrevista ao jornal norte-americano The Washington Post, em 2016.

Mas ao contrário dos aniversários do pai — Kim Jong-il nasceu no dia 16 de fevereiro e celebra-se o Dia da Estrela Brilhante — e do avô — Kim Il-sung nasceu a 15 de abril e comemora-se o Dia do Sol –, o aniversário de Kim Jong-un não é feriado nacional.

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O jornal online Daily NK, que se dá notícias da Coreia do Norte, justifica esta situação com o facto de a popularidade de Il-sung estar em queda após as sanções internacionais. “As sanções internacionais, especialmente aquelas instituídas após o sexto teste nuclear em setembro, causaram muitas dificuldades nos trabalhadores, com muitos a perderem os seus empregos devido à diminuição gradual da exportação de carvão. A popularidade de Kim Jong-un desceu para níveis mais baixos”, explicou fonte da província de Pyongyang ao jornal.

Ainda assim, o regime de Pyongyang irá assinalar o dia para incentivar o culto ao líder, com “palestras” e “distribuição de comida às crianças”, mas não será como os aniversários dos antigos líderes, que têm direito a paradas militares.

A tia de Kim Jong-un, na entrevista ao Washington Post, recordou a infância do sobrinho, em particular o seu oitavo aniversário em que o jovem recebeu um uniforme militar e vários generais lhe fizeram reverências. Nesta altura, Kim Jong-un já sabia que, um dia, iria tornar-se líder da Coreia do Norte. “Foi impossível para ele crescer como uma pessoa normal quando as pessoas à sua volta tratavam-no assim.”

Ko Yong Suk e o marido acompanharam o futuro líder norte-coreano e os dois irmãos quando foram para Berna estudar alemão e francês. Kim Jong-un chegou à Suíça em 1996, quando tinha 12 anos, mas Ko já lá estava desde 1992 com o irmão mais velho de Kim Jong-un, Kim Jong-chol.

“Vivíamos numa casa normal e comportávamo-nos como uma família normal. Comportava-me como mãe deles. Encorajava-o a trazer os seus amigos para casa, porque queria que ele tivesse uma vida normal. Fazia comida para os miúdos. Comiam bolo e brincavam com Legos.”

Apesar de manterem algumas tradições norte-coreanas em casa, Ko e as crianças viajaram pela Europa e tiveram várias experiências ocidentais: estiveram nas Disneyland Paris, nos Alpes suíços a fazer esqui e em vários restaurantes em Itália. Aliás, quando Kim Jong-un se tornou líder da Coreia do Norte, muitos tiveram a esperança de que, graças à sua educação internacional, tornasse a Coreia do Norte num país mais aberto. Tal não aconteceu.

Ko Yong Suk descreveu ainda o sobrinho como alguém “impaciente” e com “pouca tolerância”, mas que não arranjava problemas. “Quando a mãe lhe dava na cabeça por jogar muito e estudar pouco, ele não respondia, mas protestava de outras maneiras, como fazer uma greve de fome”, contou a tia Jong-un. Adorava basquetebol, ao ponto de dormir com a bola de basquete, e era fã de Michael Jordan.

Para terminar, e uma vez que o aniversário de Kim Jong-un pouco será celebrado, deixamos-lhe esta recordação: o vídeo da estrela do basquetebol norte-americano, Dennis Rodman, a desejar um feliz aniversário ao amigo Kim Jong-un, em 2014.