Um ex-empregado da Google está a processar a empresa por considerar que existe discriminação contra homens brancos conservadores, que se dizem “ostracizados, depreciados e castigados”.

James Damore, que foi despedido após ter feito circular um texto em que defende que a falta de mulheres em trabalhos de alta tecnologia se deve a diferenças biológicas entre sexos, alega que houve despedimentos discriminatórios, que a Google mantinha “listas negras” de empregados conservadores e que existe uma lista de conservadores banidos do campus.

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Como prova das alegações, o processo apresenta quase 10 páginas de comunicações internas em que os empregados discutem questões políticas e uma mensagem de Rachel Whetstone, antiga executiva da Google e membro do partido Conservador britânico, que diz haver discurso “preconceituoso” dentro da empresa.

Damore defende no processo que se criou uma bolha de pensamento na Google graças a uma parcialidade cultural no que toca a promover “justiça social” e diversidade. Além disso, o ex-empregado da Google afirma que a tentativa de aumentar a representação de mulheres e minorias na empresa, que já foi bastante criticada por falta de diversidade, se trata de discriminação ilegal contra a maioria.

A Google, que tem uma equipa maioritariamente composta por homens brancos asiáticos, foi acusada em 2017 pelo Departamento do Trabalho dos Estados Unidos de discriminação salarial contra mulheres e processada por três ex-trabalhadoras.

As cópias das comunicações internas apresentadas revelam, entre outras coisas, que vários empregados se demonstraram intolerantes relativamente a determinados pontos de vista e houve quem propusesse processos disciplinares ou despedimento de quem tivesse apoiado as opiniões de Damore. Segundo o The Guardian, um empregado sugeriu “silenciar” determinadas perspetivas consideradas “violentamente ofensivas” e que não quer que as “pessoas se sintam confortáveis a partilhar [na Google]”.

Entre empregados partilhou-se também um meme de um pinguim com o texto “se quiserem aumentar a diversidade na Google despeçam todos os homens brancos intolerantes”. Uma gestora afirma que mantém uma lista de pessoas que nunca irá permitir na sua equipa “com base na maneira como veem e tratam os seus colegas”, outra propõe que se crie uma lista de “pessoas que tornam a diversidade difícil”.

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O processo afirma que o ambiente de tolerância na Google para estilos de vida alternativos não se estende ao conservadorismo, exemplificando com um caso em que um pai pediu conselhos sobre como educar o filho com base em “ideias tradicionais do papel de cada género e no patriarcado” e alegadamente foi castigado pelo departamento de recursos humanos.

É alegado também que a Google tem uma lista de autores conservadores que estão banidos do campus, tais como Alex Jones, do programa Info Wars, e os bloggers Curtis Yarvin e Theodore Beale.

O despedimento de James Damore gerou grande apoio por parte dos media conservadores e da ‘alt-right’, que retrataram todo o processo como um exemplo ou prova da tendência liberal alegadamente existente em Sillicon Valley, o ‘lar’ de muitas das grandes empresas de tecnologia, tais como Apple, Facebook e, claro, a Google.