A polícia moçambicana deteve 24 pessoas suspeitas de envolvimento nos ataques em Mocímboa da Praia, norte de Moçambique, onde um grupo de desconhecidos atacou, em outubro, postos policiais e sitiou a vila durante dois dias.

O grupo, que se fazia transportar num autocarro, foi detido num posto de controlo à entrada de Mocímboa da Praia, na província de Cabo Delgado, no dia 3 de janeiro, informou esta terça-feira o porta-voz do Comando Geral da Polícia da República de Moçambique, Inácio Dina.

Aquele responsável falava, em Maputo, durante uma conferência de imprensa sobre as atividades policiais.

“Nós fizemos a triagem ao autocarro e acabamos constatando que era necessário que levássemos estes indivíduos a uma unidade policial, dada a informação preliminar que apresentaram e tendo em conta as medidas de polícia que estão a ser tomadas para repor a ordem na região”, explicou o porta-voz.

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As restantes pessoas que estavam no autocarro foram autorizadas a seguir viagem.

“Uma equipa está agora a interrogar estas pessoas e oportunamente voltaremos a falar”, acrescentou Inácio Dina, que voltou a garantir que a situação em Mocímboa da Praia está controlada.

No início de dezembro, o comandante-geral da Polícia República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael, apelou à rendição dos autores dos ataques armados em Mocímboa da Praia e arredores.

O líder da PRM referiu que os atacantes deviam entregar-se no prazo de sete dias e deixou a ideia de que, se o fizerem, podem beneficiar de condições mais favoráveis no tratamento dos respetivos casos.

“Ao arrependerem-se e entregarem-se com as respetivas armas e catanas, iremos perdoá-los e entregá-los nos processos normais de produção e desenvolvimento do país”, referiu.

O ataque de um grupo armado a postos de polícia em Mocímboa da Praia sitiou a vila durante dois dias, a 04 e 05 de outubro, e prolongou-se com conflitos esporádicos pelo resto do mês nos arredores.

No balanço, morreram pelo menos dois agentes da polícia e outros quatro elementos das forças de segurança, além de um número incerto de atacantes, que as autoridades colocam acima das 10 vítimas.

Os ataques motivaram a transferência preventiva, com recurso a helicópteros, de pessoal de empresas ligadas a investimentos de gás natural na região, disseram à Lusa no local fontes ligadas à operação.

O governo distrital de Mocímboa da Praia anunciou há dias a identificação de dois suspeitos, cujo paradeiro é desconhecido, de organizarem os ataques.

Ao mesmo grupo, é atribuída a autoria de dois homicídios e ferimentos noutras duas pessoas na aldeia de Mitumbate, já no início de dezembro, onde terão ateado um incêndio que destruiu 27 casas.