A representante das Nações Unidas em Cabo Verde, Ulrika Richardson, mostrou-se preocupada com o consumo de álcool e droga por parte de crianças e adolescentes na ilha cabo-verdiana do Fogo, defendendo um trabalho conjunto para resolver o problema.

“Há bastantes crianças e adolescentes que vivem em situação de vulnerabilidade, ligado ao abuso de álcool e abuso de droga. Em São Filipe, tem de ser dada uma atenção bastante urgente a essas crianças”, afirmou a coordenadora da ONU, citada esta quinta-feira pela Inforpress.

Ulrika Richardson falava à agência de notícias cabo-verdiana no final de uma visita de três dias às ilhas da Brava e do Fogo, onde manteve encontros com responsáveis de instituições que trabalham com crianças, como o Instituto Cabo-verdiana da Criança e do Adolescente (ICCA).

A representante da ONU em Cabo Verde considerou que para resolver o problema é preciso um trabalho conjunto entre as várias instituições locais. Em relação às denúncias sobre abuso sexual de crianças, Ulrika Richardson sublinhou que houve uma “evolução positiva” nas duas ilhas, notando que isso demonstra que a população está atenta e reconhece que é um crime. No entanto, salientou que o problema não se resolve apenas com denúncias, tendo em conta que é preciso prevenir essa violência.

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Um diagnóstico traçado no âmbito da preparação do Plano de Ação da Saúde do Adolescente 2015-2020, e apresentado em setembro, apontou que o consumo de álcool e drogas estão entre os principais problemas de saúde dos adolescentes cabo-verdianos. No mesmo estudo, 30% dos inquiridos afirmou ter feito sexo sob o efeito de drogas e álcool, aumentando o risco de gravidez precoce e indesejada.

Em 2013, a Comissão de Coordenação do Combate à Droga (CCCD) realizou um estudo pioneiro que indicou que a prevalência do consumo de substâncias psicoativas (drogas lícitas e ilícitas) nos alunos das escolas secundárias cabo-verdianas ao longo da vida é de 7,2%.

O inquérito concluiu que o álcool é a droga lícita mais consumida pela população estudantil, sendo que cerca de 45% já experimentou pelo menos uma bebida alcoólica ao longo da vida.