O Tribunal de Santa Maria da Feira começou esta quarta-feira a julgar seis suspeitos da autoria de dezenas de assaltos a caixas multibanco no norte e centro do país, em 2011 e 2012, apropriando-se de cerca de 640 mil euros.

O julgamento arrancou sem a presença dos arguidos, que pediram para serem julgados na sua ausência, por se encontrarem a residir em Espanha.

Os indivíduos, nascidos na Sérvia, Kosovo e Espanha, com idades entre os 31 e os 44 anos, estão acusados em coautoria de um crime de associação criminosa, 24 crimes de furto qualificado, três dos quais na forma tentada, dois de furto simples e dois de falsificação de documento.

A primeira sessão do julgamento ficou marcada pelas declarações de Luís Carvalho, inspetor da Polícia Judiciária (PJ) responsável pela investigação relacionada com vários furtos de caixas ATM.

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Perante o coletivo de juízes, o inspetor relatou com pormenor todas as diligências efetuadas pela PJ e que permitiram identificar os arguidos, com a ajuda das autoridades espanholas, com quem iam sendo trocadas informações. “Fomos percebendo que se tratava de um grupo bem organizado com bastante mobilidade, que procurava locais de fácil acesso”, disse, realçando que as máquinas alvo eram sempre do mesmo modelo.

O inspetor destacou ainda a forma “bastante eficaz e rápida” como eram feitos os cortes das caixas ATM. “Era uma coisa sem paralelo até então”, vincou, explicando que os suspeitos partiam a porta de vidro do banco para aceder à traseira da máquina e, com o auxílio de uma rebarbadora, umas cunhas metálicas e uma marreta, conseguiam abrir a porta do cofre para retirar o dinheiro.

Questionado pelos advogados dos arguidos, o inspetor disse ainda acreditar que os assaltos foram realizados sempre pelo mesmo grupo, pela “forma organizada e concertada” de atuar e pela “rapidez” com que executavam cada assalto, além de as ferramentas utilizadas serem as mesmas, tal como a forma como se vestiam.

O primeiro assalto imputado ao grupo aconteceu a 20 de outubro de 2011, na dependência da Caixa Geral de Depósitos de Rio Meão, em Santa Maria da Feira. Numa só noite, em dezembro de 2011, o grupo fez cinco assaltos a multibancos com uma diferença de cerca de uma hora entre cada um.

“Eles começaram em Viana do Castelo, passaram por Esposende, Maia, Paredes e terminaram às 06h00 em Espinho. Todos os assaltos foram bem sucedidos, à exceção do primeiro, porque houve uma falha elétrica e não puderam utilizar a rebarbadora”, disse o inspetor.

Os assaltos foram sucedendo nos mesmos moldes até 18 de dezembro de 2011, altura em que o grupo interrompeu a sua atividade em Portugal, regressando em outubro do ano seguinte, para roubar um multibanco em Barcelos.

Dessa vez, além da caixa ATM, os arguidos roubaram também o cofre forte do banco, de onde retiraram cerca de 80 mil euros. Ainda no mesmo mês ocorreram mais assaltos a caixas ATM na Maia, Vila Nova de Gaia e Vila do Conde. Em junho de 2013, a Guarda Civil espanhola realizou buscas em casa dos arguidos, no âmbito de uma investigação de branqueamento de capitais e, desde então, não houve mais assaltos nos mesmos moldes.