O ministro das Finanças, Mário Centeno, assumiu esta sexta-feira a presidência do Eurogrupo, numa cerimónia na embaixada de Portugal em Paris, onde recebeu do seu antecessor, o holandês Jeroen Dijsselbloem, o sino usado para marcar oficialmente o início das reuniões do grupo informal que Mário Centeno passará agora a liderar. Regras orçamentais europeias e orçamento para a zona euro no topo da agenda de Mário Centeno.

Mário Centeno agradeceu o “trabalho duro” do antecessor, sublinhando que “muito foi feito”, a começar pela saída da crise, mas que ainda há muito a fazer no reforço da união económica e monetária, para tornar “a moeda comum mais resistente a crises futuras”. O ministro português disse que irá “procurar os consensos necessários” para enfrentar “os desafios que aí vêm”, de que forma a que o Eurogrupo vá “ao encontro das expectativas dos cidadãos”.

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Bastidores. Como Mário Centeno chegou a presidente do Eurogrupo

Numa posição mais diplomática face à agenda europeia do que a que tem tido como ministro das Finanças de Portugal, Mário Centeno diz que “não se trata neste momento de fazer análises sobre o passado”, quando confrontado com as políticas que tem vindo a criticar, apoiadas por países mais conservadores.

“A Europa enfrentou uma crise muito séria e atuou bastante ao nível dos seus Estados, os Estados membros da área do euro promoveram reformas muito ambiciosas nas diferentes áreas. O Governo português nos últimos dois anos tem promovido essas reformas na área financeira, na área das qualificações, são reformas que têm de se manter. O que temos de conseguir e de garantir é que o resultado dessas reformas conjuntas beneficie de uma estabilidade financeira e de uma integração financeira na área do euro que hoje ainda é incompleta e incipiente. Estes desafios colocam-se em diferentes níveis”, afirmou.

O ministro disse então que a discussão sobre as regras orçamentais europeias – que tem criticado de forma muito dura, assim como a forma como têm sido aplicadas e a Comissão Europeia, que as aplica – tem de continuar, no sentido de garantir “a sua transparência, a sua previsibilidade e a capacidade de serem entendidas pelos cidadãos”.

Mário Centeno prometeu ainda colocar o debate em cima da mesa do Eurogrupo sobre um eventual orçamento para a zona euro, uma proposta da Comissão Europeia e que tem uma grande oposição de países mais conservadores (como é o caso da Alemanha), mas sempre tendo em vista alcançar consensos, a principal mensagem da sua candidatura à presidência do Eurogrupo.

“É um debate longo mas que, estando em cima da mesa, eu me comprometo a tê-lo com todos. Sempre com um objetivo, criar consensos e que esses consensos sejam equilibrados face à vontade das partes”, disse.

Oficialmente, Mário Centeno só assume a presidência do Eurogrupo a partir de sábado, mas a cerimónia realizou-se esta sexta-feira porque era a data possível nas agendas do presidente em exercício e do presidente eleito. Mário Centeno esteve em França para se encontrar com o presidente francês, Emmanuel Macron, onde já desempenhou o papel de presidente do Eurogrupo, recebendo garantias que a segunda maior economia da zona euro vai fazer esforços para garantir que consegue cumprir a meta do défice e assim sair do Procedimento dos Défices Excessivos.