Cerca de três dezenas de pessoas concentraram-se esta sexta-feira de manhã junto à estação dos CTT do Socorro, em Lisboa, contra o encerramento desta estação, uma das três que irão fechar na capital.

Gritando palavras de ordem como “os CTT são do povo” e “encerrar é um roubo”, elementos do Movimento dos Utentes dos Serviços Públicos (MUSP) distribuíram panfletos e empunharam cartazes.

À ação juntaram-se os vereadores na Câmara de Lisboa do PCP João Ferreira e do Bloco de Esquerda, Ricardo Robles, assim como as deputadas do BE Mariana Mortágua e Isabel Pires.

“Deparámos que vão encerrar 22 estações no país, três em Lisboa, e esta mesmo no centro da cidade, numa zona histórica, junto ao Martim Moniz, onde a população sénior depende muito destes serviços para receber a pensão e fazer pagamentos. A população vai ter de se deslocar para outros locais da cidade com prejuízo da sua qualidade de vida”, criticou Ricardo Robles.

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O vereador bloquista lembrou ainda que houve uma lógica de saque predadora do PSD/CDS-PP “sobre este serviço público dos CTT”.

“Não há situações irreversíveis”, disse o vereador João Ferreira, apelando ao Governo que impeça o encerramento das estações.

O MUSP agendou esta sexta-feira uma outra ação junto à estação dos CTT da Junqueira, em Lisboa, para defender a manutenção desta estação dos correios, no dia em que no parlamento são hoje ouvidos o regulador, sindicatos, trabalhadores e os utentes na Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas.

Em dezembro passado, os CTT divulgaram um Plano de Transformação Operacional, que prevê a redução de cerca de 800 trabalhadores na área das operações em três anos, um corte de 25% na remuneração fixa do presidente do Conselho de Administração e do presidente executivo, além da otimização da implantação de rede de lojas, através da conversão de lojas em postos de correio ou do fecho de lojas com pouca procura.

Já este ano, os Correios confirmaram o fecho de 22 lojas no âmbito deste plano de reestruturação, situação que, segundo a Comissão de Trabalhadores dos Correios de Portugal, vai afetar 53 postos de trabalho.

A privatização dos CTT, que rendeu aos cofres do Estado mais de 900 milhões de euros, foi feita a dois tempos — em 2013 e em 2014 — em operações que renderam, respetivamente, 579 milhões de euros (70% do capital social da empresa a 5,52 euros por ação) e 343 milhões de euros (30% do capital social detido pela Parpública ao preço de 7,25 euros por ação).