Marcelo Rebelo de Sousa visitou este domingo Vila Nova da Rainha, a aldeia no concelho de Tondela onde, na noite de sábado, morreram oito pessoas na sequência de um incêndio numa associação recreativa onde decorria um torneio de sueca. Acompanhado pelo ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, o Presidente da República descreveu o incidente como “um daqueles choques que são muito fundos nas vidas das pessoas”.

Em declarações aos jornalistas, o Presidente da República explicou que foi o pânico que fez com que as pessoas utilizassem a “porta que abre para dentro”, junto às escadas, para saírem. “Havia precisamente ao lado uma [outra] porta. A que ficava em frente às escadas era a mais utilizada e a outra normalmente estava fechada.” Mas, infelizmente, não foi essa que foi utilizada, causando a confusão.

Marcelo aproveitou para elogiar o trabalho de todos envolvidos na operação de socorro e também dos autarcas, que se dirigiram rapidamente para o local, reconhecendo e louvando “a forma abnegada e competente como várias instituições intervieram em tão curto espaço de tempo”. “A situação era difícil e foram todos excecionais — da saúde à Proteção Civil, passando pelo contributo da Força Aérea pelas estruturas de socorro mais próximo ou mais distante, pelo transporte e evacuação. Tudo funcionou”, afirmou o Presidente da República, apresentando “as condolências e o testemunho da solidariedade aos familiares das vitimas mortais e também aos familiares as vitimas que estão a ser assistidas com mais ou menos gravidade em varias unidades hospitalares”.

Questionado pelos jornalistas sobre o facto de a região ter sido afetada muito recentemente pelos incêndios, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que os habitantes de Tondela, e os portugueses em geral, são “resistentes”. “Nunca sabemos compreender porque é que de repente se acumulam tantos factos negativos, em tão pouco tempo, nos mesmos sítios. Mas, a verdade, é que o português é resistente e estamos todos fraternalmente solidários. Estamos a acompanhar essa resistência”, afirmou.

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Durante a madrugada deste domingo, a Presidência da República anunciou que o Presidente iria deslocar-se a Tondela ao final da manhã, “depois de terminada a fase crítica da operação de socorro”. Numa nota publicada no site da Presidência, Marcelo, que tem estado “a acompanhar as informações sobre a nova tragédia que atingiu o concelho de Tondela, expressou “os seus sentidos sentimentos aos familiares das vítimas mortais e aos feridos que se encontravam na Associação Cultural, Recreativa e Humanitária” de Vila Nova da Rainha.

A partir de hoje, o Presidente irá visitar os doentes hospitalizados em Coimbra e em outras localidades. Marcelo mostrou-se também disponível para se encontrar com os familiares das vítimas, mas admitiu que isso dependerá da sua disponibilidade. “Ainda não passaram 24 horas”, afirmou. “Por mim, tentarei, mas respeito o recato deste momento que é um momento de vivencia familiar. É um choque que tem poucas horas ainda.”

Presidente da República pede à população de Tondela que não desmobilize e seja solidária com as vítimas

Mais tarde, já durante a tarde, numa intervenção pública, junto a uma capela de Vila Nova da Rainha, onde se localiza a associação, Marcelo dirigiu-se aos presentes, lembrando que a primeira solidariedade na sequência do incêndio foi da população local, que acorreu na tentativa de socorrer quem tentava fugir das chamas.

“O primeiro sinal de solidariedade foi vosso e continua a ser vosso. Aquilo que vos peço é que não desmobilizem. Há famílias com dor, há famílias — e ainda não passaram 24 horas — que não percebem o que aconteceu e estão sob choque, são amigos e amigas vossos”, disse o chefe de Estado. “E esse é o vosso grande desafio –, o desafio que têm de vencer, como têm estado a vencer o desafio de outubro”, argumentou, numa referência aos incêndios florestais que afetaram a localidade e o concelho a 15 de outubro. “É outro desgosto, é outro choque, é outro drama a juntar à tragédia de outubro. Mas eu acredito na vossa força, na vossa resistência, que é do melhor que nós temos em Portugal.”

Na ocasião, o chefe de Estado voltou a enaltecer o trabalho de “todas as instituições” que participaram nas operações de socorro às vítimas “e que fizeram mais do que era preciso fazer para que haja quem continue a lutar pela vida”. “Uma coisa é certa, o país está aqui unido convosco. Está aqui o Governo, esteve ontem [sábado] e está hoje aqui o Governo, esteve ontem e está hoje aqui a Assembleia da República e está hoje o Presidente da República. Com os vossos autarcas, mas sobretudo convosco”, enfatizou. “É um sinal de que estamos todos juntos. Nesta hora de dor, a vossa dor é a nossa dor”, acrescentou.

Atualizado pela última vez às 16h06 com a mensagem de Marcelo à população de Vila Nova da Rainha