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A história de uma equipa que quer ser alegre mas atrai tudo o que a faz infeliz (a crónica do V. Setúbal-Sporting)

Este artigo tem mais de 5 anos

Esta é a história de um candidato. Um eterno candidato. Um candidato que esteve em vantagem, que acertou no poste, que "brincou" e que sofreu o empate (1-1). Esta foi a história do Sporting no Bonfim.

Bas Dost não marcou, Rúben Ribeiro não assistiu e o Sporting não ganhou no Bonfim (por culpa própria)
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Bas Dost não marcou, Rúben Ribeiro não assistiu e o Sporting não ganhou no Bonfim (por culpa própria)

AFP/Getty Images

Bas Dost não marcou, Rúben Ribeiro não assistiu e o Sporting não ganhou no Bonfim (por culpa própria)

AFP/Getty Images

“Se nos temos de queixar de alguma coisa, é de nós próprios. Aconteceu”.

No final do encontro, Jorge Jesus fez uma análise sóbria ao que se passou no Bonfim, ao ponto de admitir a total legalidade no lance que originou o 1-1: o Sporting esteve por cima ao longo dos 96 minutos, praticamente não consentiu oportunidades ao V. Setúbal, teve inúmeras chances para “matar” o jogo e deixou-se empatar num lance quase de pontapé para a frente onde Edinho aproveitou uma das raríssimas descoordenações defensivas verde e brancas para ser carregado dentro da área e converter o penálti. Na altura em que escrevemos, tudo isto conta; daqui a uma hora, duas ou amanhã, fica o resultado. Um resultado que aconteceu no jogo errado e no momento errado. Um resultado que pode tirar a liderança e esvaziar o “efeito” Estoril-FC Porto.

E porquê? Porque esta é a história de uma equipa que quer ser alegre mas que parece atrair tudo o que a possa fazer infeliz. Uma equipa que voltou a tropeçar em jogos “não grandes” quando atravessava o melhor momento da temporada. Uma equipa que rematou 15 vezes, que acertou no poste, que teve inúmeras saídas em transição para fechar as contas mas que foi adiando o segundo golo. Uma equipa que poucos ou nenhuns golos sofreu nas últimas partidas mas que consentiu mais um quando não podia, de novo após penálti, de novo nos cinco minutos finais (ou descontos), agora no único remate enquadrado pelos sadinos em todo o jogo.

Se olharmos para os números, o V. Setúbal marcou quase 40% dos golos no último quarto de hora (um recorde na Liga). Mas, aqui, o demérito da parte do Sporting foi maior. Bem maior. Por um lado, pela forma como às vezes até de forma displicente não arrumou o resultado quando os sadinos estavam partidos em campo (de forma estratégica, porque tinham de arriscar); por outro, por voltarem a consentir golos nas partes finais dos encontros. Já não é exceção, tornou-se regra. Tal como parece regra os leões falharem nos momentos em que não podem falhar.

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Ficha de jogo

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V. Setúbal-Sporting, 1-1

19.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Bonfim, em Setúbal

Árbitro: Fábio Veríssimo (AF Leiria)

V. Setúbal: Cristiano; Arnold, Pedro Pinto, Semedo, Nuno Pinto; Tomás Podstawski (Edinho, 82′), André Pedrosa (Willyan, 88′), João Teixeira (Patrick, 76′); Costinha, João Amaral e Gonçalo Paciência

Suplentes não utilizados: Trigueira, Jacob, André Sousa e Allfe Andrade

Treinador: José Couceiro

Sporting: Rui Patrício; Piccini, Coates, Mathieu, Fábio Coentrão (Doumbia, 90+5′); William Carvalho, Bruno Fernandes; Gelson Martins (Podence, 90′), Acuña, Rúben Ribeiro (Battaglia, 85′)e Bas Dost

Suplentes não utilizados: Salin, André Pinto, Ristovski e Bruno César

Treinador: Jorge Jesus

Golos: Bruno Fernandes (31′) e Edinho (90+5′, g.p.)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Coates (51′), Podstawski (55′), Semedo (57′), André Pedrosa (59′), Patrick (78′), Mathieu (90+2′) e Fábio Coentrão (90+2′)

O Sporting começou melhor. Mais forte, muito mais pressionante, com muito, muito mais posse em relação ao V. Setúbal. A certa altura, houve uma jogada que retratava bem o que se passava: após a perda de bola, Mathieu foi pressionar Gonçalo Paciência junto ao banco dos leões na primeira parte, a meio do meio campo dos sadinos. No entanto, entre as combinações rendilhadas sobretudo pelo flanco esquerdo (para onde Rúben Ribeiro foi caindo algumas vezes, quiçá demasiadas), faltava profundidade para criar as oportunidades de golo.

Gelson Martins, logo aos 3′, deu um nó cego em Semedo na área descaído sobre a direita mas, com pouco ângulo, atirou para defesa fácil de Cristiano. Mais tarde, imperou a lei do mais alto (e persistente) nas bolas paradas, o calcanhar de Aquiles do V. Setúbal: Coates, de cabeça, e Dost, num remate de pé direito aproveitando um ressalto, atiraram em direção da baliza mas em ambos houve um desvio da defesa contrária para canto (11′ e 19′).

No entanto, entre tantas bolas perdidas pelos jogadores leoninos, os sadinos começaram a entrar mais no jogo. Ou porque começaram a criar perigo no seguimento de lances mais diretos (que fizeram a diferença no último empate em Moreira de Cónegos, por exemplo), ou porque aproveitaram alguns erros dos comandados de Jorge Jesus. Como aquele em que Arnold, numa segunda bola fora da área após corte num livre lateral, rematou de primeira muito perto do poste da baliza de Rui Patrício, naquela que foi a primeira ameaça do V. Setúbal (27′).

O conjunto de José Couceiro mantinha-se organizado, com linhas muito juntas sem posse e a tapar os espaços para combinações das unidades mais ofensivas do Sporting. Até que William Carvalho conseguiu meter um passe entre linhas em Rúben Ribeiro. E até que Rúben Ribeiro, virando-se rapidamente, lançou Gelson Martins em profundidade na direita. Até que, numa situação de 3×3, Bruno Fernandes fez a diagonal para aparecer nas costas da defesa sadina, recebeu e rematou de primeira cruzado sem hipóteses para Cristiano (31′).

André Pedrosa, em mais um lance confuso onde a defesa leonina demorou em demasia a tirar a bola da área na sequência de um livre lateral, teve o último lance de relativo perigo até ao intervalo (à exceção de um ou dois atrasos mais arriscados de Piccini para Rui Patrício, que o guarda-redes conseguiu resolver), mas o golo que colocou o internacional A como melhor marcador português da Primeira Liga fez toda a diferença num encontro nem sempre bem jogado (longe disso) e onde o Sporting acabou por marcar numa altura em que o V. Setúbal repartia mais o jogo mas teve o seu primeiro grande desequilíbrio (fatal) ao longo de 45 minutos.

O segundo tempo começou com algumas nuances táticas, como o adiantamento das zonas de pressão sadinas para a primeira fase de construção leonina, obrigando a jogar algumas bolas de forma direta em Dost. Mas, no resto, a verdade é que continuou quase tudo na mesma. À exceção dos três amarelos mostrados por Fábio Veríssimo (que chegara ao intervalo de folha limpa), só uma grande oportunidade de Coates, de novo após bola parada (58′).

Entre os 70 e os 75 minutos, Acuña foi a unidade em evidência. No melhor e no pior: primeiro, aproveitando o facto de Cristiano não estar na baliza, arriscou o golo da jornada encostado à linha no flanco esquerdo a 40 metros mas a bola passou a rasar a trave sadina; depois, não acompanhou a movimentação pelo flanco direito do ataque visitado de Arnold e Costinha, com o último a cruzar atrasado e o remate na passada de João Amaral a ser cortado por Coates com a perna quando podia dirigir-se para a baliza à guarda de Rui Patrício (73′).

Começou a dança das substituições, adensou-se a superioridade leonina: José Couceiro arriscou ao “partir” o jogo, o Sporting beneficiou dos muitos metros que ganhou com esses desposicionamentos para jogar em transições como gosta. E teve bolas sem fim para resolver. Por Rúben Ribeiro, que adiantou na receção e falhou o drible na área. Por Gelson Martins, que quis fazer uma última finta na área e acabou por perder a bola. Por Bas Dost, que em vez de arriscar o remate preferiu tentar assistir ao segundo poste. Por Bruno Fernandes, que num lance onde fintou a defesa contrária com um toque fabuloso, viu Cristiano desviar um remate para o poste mais distante.

Nos descontos, e do nada, o V. Setúbal empatou num lance onde, rebobinando toda a jogada, foi Gonçalo Paciência que veio à esquerda do seu meio-campo fazer o lançamento longo nas costas da defesa leonina a isolar Edinho. Mathieu fez falta para penálti, o veterano avançado português não perdoou e o jogo terminou mesmo empatado. Um empate que soube a derrota para o Sporting, como se viu na reação de completa frustração de um Fábio Coentrão em lágrimas no banco de suplentes. Uma derrota parecida com aquela que os leões sofreram no Bonfim há pouco mais de um ano e que valeu a eliminação da Final Four da Taça da Liga.

Há um ano, o Sporting estava mal e pior ficou após essa eliminação; agora, o Sporting está bem, ainda não perdeu no plano interno e atravessa o melhor momento. Mas, como há muitos anos, esta equipa que quer jogar bonito e com alegria continua a atrair tudo o que a faz infeliz nos encontros mais importantes para ganhar. Este, que podia alargar a liderança à condição para quatro pontos antes do clássico com o FC Porto na meia-final da Taça da Liga (quarta-feira), era um deles. E, como em tantas outras situações, acabou de forma inglória e cruel.

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