Uma retrospetiva de Álvaro Lapa e a obra do britânico Anish Kapoor, um dos mais proeminentes escultores atuais, destacam-se na programação de 2018 de Serralves, apresentada esta sexta-feira no Porto, que abre com a pintora e escultora italiana Mariza Merz.

“É a programação mais ambiciosa dos últimos anos, em que estão presentes vários meios, não só as artes plásticas, mas o cinema, a fotografia, a arquitetura. Haverá também um grande cruzamento entre o museu e o parque, entre arte e ciência”, afirmou a presidente da Fundação, Ana Pinho.

De acordo com a responsável, “a programação no museu e fora de portas é muito ambiciosa, porque serão organizadas mais de 30 exposições pelo país e muitas exposições no estrangeiro”. “Esperamos superar o número de visitantes dentro e fora de portas que em 2017 foi de cerca de 1,3 milhões, o que é um número impressionante também a nível internacional”, acrescentou Ana Pinho.

A programação arranca sexta-feira com a inauguração da exposição individual da artista italiana Marisa Merz, intitulada “O Céu é um Grande Espaço”, organizada pelos museus norte americanos Metropolitan Museum of Art, de Nova Iorque, e Hammer Museum, de Los Angeles, e que inicia em Serralves a sua itinerância europeia.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Trata-se da primeira grande retrospetiva da obra de Marisa Merz, a única mulher protagonista do movimento da Arte Povera, que ficará patente até 22 de abril. Em fevereiro, o museu apresenta “No tempo Todo”, considerada “a mais abrangente retrospetiva” da obra de Álvaro Lapa, alguma vez realizada.

“Álvaro Lapa é um dos mais enigmáticos artistas nacionais” que, em Serralves, reúne pela primeira vez mais de 200 obras de vários períodos, entre pintura e escultura”, sublinhou o diretor adjunto do Museu de Serralves, João Ribas.

No início do verão, em junho, Serralves apresenta no Parque e no Museu uma exposição de Anish Kapoor, “um dos mais proeminentes escultores da atualidade”, que será comissariada por Suzanne Cotter, que, no final de 2017, deixou Serralves para assumir a direção do Museu de Arte Moderna Grão-Duque Jean, no Luxemburgo, também conhecido pela sigla MUDAM.

Sediado em Londres, Kapoor alcançou reconhecimento internacional enquanto membro da geração de novos escultores britânicos dos anos de 1980, pelas suas peças a uma escala monumental.

No Parque de Serralves, Kapoor mostrará uma seleção dos seus trabalhos e projetos mais recentes, que oferece “uma panorâmica da sua linguagem escultórica, desde o trabalho reflexivo ‘Sky Mirror’ [‘Espelho do céu’], até ao dramático esculpir da própria paisagem”, referiu João Ribas. Em setembro chega a primeira exposição em Portugal de “uma das maiores e mais influentes” figuras da fotografia do século XX: Robert Mapplethorpe.

De acordo com João Ribas, “será uma retrospetiva em grande escala da obra de Mapplethorpe, com algumas das fotografias mais icónicas do século passado, incluindo os seus retratos de estúdio, as naturezas mortas líricas, os nus eróticos e as ‘assemblages’ de início de carreira e polaroides íntimas”. Também em setembro será apresentada a exposição “Companhia”, dedicada ao universo estético do cineasta Pedro Costa.

Em 2018 prossegue o programa de exposições itinerantes da coleção que o Museu desenvolve e que tem como objetivo tornar a coleção de Serralves acessível para além das portas do museu, num total de 35 exposições.

Este ano será também sublinhado o papel determinante da relação entre a arquitetura e a arte contemporânea, quer através de exposições, quer através de momentos de reflexão sobre as práticas arquitetónicas e a sua intersecção com a arte e a cultura contemporâneas.

No campo da música, apresenta em abril, em estreia nacional, um trabalho da compositora francesa Éliane Radique, com “um percurso singular” na música eletrónica, e, em maio, chega a Serralves “Stichomythia”, uma instalação visual criada pela cenógrafa Nadia Lauro, inspirada em “Shining”, de Stanley Kubrick.

Em julho regressa o Jazz no Parque e o mês de outubro ficará marcado pela apresentação de uma nova obra do compositor, improvisador e artista conceptual alemão Nicholas Bussmann, a performance “Wandering Sands”. O Parque de Serralves recebe novamente, em abril, o Bioblitz, que é “uma inventariação biológica relâmpago” feita com a participação do público e de entrada gratuita, tal como acontece com o Serralves em Festa, que este ano celebra a sua 15.ª edição, de 1 a 3 de junho

A festa do Outono regressa também a 29 e 30 de setembro, com o Parque de portas abertas para “reavivar antigas tradições e costumes do outono”. Em declarações aos jornalistas, Ana Pinho escusou-se a revelar o nome do novo diretor artístico do museu, que substituirá Suzanne Cotter, referindo que será anunciado “muito em breve”.

Em 2017, a Fundação de Serralves recebeu 834.328 visitantes, o que representou um crescimento superior a 22% face a 2016, dos quais 218.674 eram estrangeiros.