A Associação Nacional de Bombeiros Profissionais (ANBP) lamentou esta sexta-feira a designação “cabras sapadoras” dada ao projeto do Governo para gestão de combustível florestal, considerando abusiva a utilização do termo sapadores.

“A ANBP considera abusiva a utilização do termo ‘sapadoras’, uma vez que o mesmo reporta a uma classe profissional que conta com mais de 600 anos de história em Portugal e que merece o respeito de todos e sobretudo dos órgãos de soberania”, precisa a associação que representa os bombeiros profissionais, em comunicado.

A reação da ANPB surge após o Governo ter anunciado, esta semana, que vai avançar este ano com projetos-piloto de “cabras sapadoras” com rebanhos dedicados à gestão de combustível florestal na rede primária.

A ANBP, que não contesta a importância do projeto, adianta que a designação é “infeliz e desrespeitosa para com uma classe que este ano foi tão sacrificada na defesa do seu país”.

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“Nunca na história, nem no tempo em que o Rei D.João I criou os bombeiros profissionais, nem no tempo do Salazar, os bombeiros foram alvo de um tratamento tão pouco digno”, sustenta a associação, sublinhando que a atribuição desta designação ao projeto “mostra uma manifesta falta de sensibilidade para com a classe profissional, que luta há anos para que todos os bombeiros profissionais do país (sapadores, municipais e profissionais das associações humanitárias) sejam designados de bombeiros sapadores”.

A ANPB refere que a recetividade dos sucessivos governos para esta questão “tem sido nula, recusando-se inclusivamente a aprovar o estatuto do bombeiro profissional”.

No comunicado, a ANBP questiona também “o que aconteceria se o Governo designasse outras forças de segurança como ‘cabras PSP’ ou ‘cabras GNR’ ou ‘cabras técnicos de proteção civil’.

A ANPC considera ainda que os bombeiros estão a ser “desconsiderados por quem, no tempo dos trágicos incêndios que assolaram o país em 2017, lhes prometeu mais dignidade e melhorias das suas condições de trabalho e carreira profissional”.

“Não contestando a importância dos caprinos, consideramos que comparar as funções de um animal a um ser humano é desrespeitoso por parte de um Estado de Direito”, concluiu.