“Em paz” e “com a serenidade”. É assim que Juan Carlos Quer descreveu a forma como está a ultrapassar a perda da filha: Diana Quer foi sequestrada e assassinada na Corunha, em Espanha. O pai revelou ter recebido “de cima um impulso” da sua filha: “Pai, vamos ajudar as pessoas”. Juan Carlos Quer deu esta quinta-feira a primeira entrevista depois do desfecho do caso do desaparecimento de Diana Quer, cujo corpo foi encontrado no último dia do ano passado, após 496 dias desaparecida.

O pai da jovem de 18 anos contou que Diana Quer nasceu prematura, com apenas um quilo, e que a sua irmã gémea acabou por morrer: “Diana nasceu a lutar e morreu a lutar. Ela ensinou-nos a amar a vida. Dela só recebi carinho. Ela era gentil, elegante e solidária. Tivémo-la por 18 anos”.

José Enrique Abuín Gey, conhecido na região por El Chicle, confessou que, depois de a sequestrar, em agosto de 2016, tentou violar Diana, mas a jovem resistiu e acabou por estrangulá-la. O corpo de Diana Quer foi encontrado no último dia do ano, num poço num edifício industrial abandonado em Rianxo, na Corunha, Espanha. El Chicle amarrou o corpo a blocos de cimento, para manter o corpo submerso — algo que veio ajudar a investigação, porque deixou o corpo em boas condições, apesar de continuarem respostas por dar.

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“Morena, vem aqui”. A história dos 496 dias do desaparecimento de Diana Quer

Juan Carlos Quer seguiu o ‘pedido’ da filha, juntou-se a outras famílias que passaram pelo assassinato dos filhos e criou uma petição pela prisão perpétua sujeita a revisão para os casos mais sérios, que já conta com mais de meio milhão de assinaturas. O pai de Diana Quer apelou ainda às autoridades que sejam disponibilizados “recursos para a busca de pessoas desaparecidas nas primeiras 24 a 48 horas”. “O que é decisivo”, defendeu.

O pai de Diana Quer criticou ainda os meios de comunicação: “Não vi o corpo da minha filha e, dois dias depois, encontrei na capa de um jornal“. Juan Carlos revelou que ficou indignado e defendeu a necessidade de se criar um código ético para o tratamento informativo deste tipo de casos.

O encontro com a mãe do assassino

“Tem todo o meu perdão. Naquele pequeno lugar que é Rianxo, é uma pessoa condenada por, na sua vida, sofrer a humilhação em que o seu filho a colocou“. Juan Carlos Quer revelou que quando viu a mãe de El Chicle na televisão, pediu para se encontrar com ela para lhe dizer que não tinha a culpa.

Numa fase inicial, a mãe de El Chicle defendeu o filho. Em casos passados, como aquele em que a cunhada de El Chicle disse ter sido violada por ele, a mãe chegou mesmo a dizer que a jovem “inventou” e que “estava com ciúmes da irmã“. Quando o caso de Diana Quer foi finalmente descoberto, a mãe acabou a chamar “monstro” ao filho.

Juan Carlos Quer revelou ainda que vai pedir ao juiz que arquive o caso contra Rosario Rodríguez, a mulher de El Chicle com quem é casado há 15 anos. Rosario protegeu o marido ao longo de toda a investigação, ao dizer às autoridades que estava com ele na noite do desaparecimento da jovem. É a Rosario que se deve o desfecho do caso, quando a mulher disse às autoridades que mentiu e que não esteve com El Chicle naquela noite.

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