Um grupo de jovens do movimento de Cidadãos Inconformados com a crise política na Guiné-Bissau exigiu este sábado a realização em maio de eleições gerais antecipadas para acabar com o impasse no país.

Sumaila Djaló, porta-voz do movimento, disse à Lusa que a Guiné-Bissau deve organizar eleições legislativas, que seriam no calendário normal, e as presidenciais, que seriam antecipadas, ainda este ano, “porque o Presidente perdeu a capacidade de resolver a crise”, referindo-se ao chefe do Estado.

Num comício com pouca adesão, no largo da meteorologia, em Bissau, Djaló notou que José Mário Vaz, antes de marcar a data de eleições gerais, deve nomear um novo governo, dentro do quadro constitucional, dissolver o Parlamento e deixar o cargo de livre vontade.

“Estamos a exigir ao Presidente que respeite a vontade do povo”, defendeu o porta-voz dos inconformados, salientando que o povo guineense não vai aceitar as pretensões do Presidente que quer organizar as eleições gerais só em 2019.

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Naquilo que foi anunciado como um “grande comício popular”, mas que na realidade não conseguiu juntar mais do que três dezenas de jovens, todos os intervenientes centraram o discurso em ataques contra o Presidente Jomav – nome pelo qual é mais conhecido José Mário Vaz.

“Jomav rua, Jomav rua, Jomav rua”, foi o tónico das intervenções dos oradores.

Os poucos jovens que assistiram ao comício traziam grandes lenços vermelhos com os quais acenavam para “mostrar um cartão vermelho ao Jomav”, e ainda demonstrar ao Presidente que “o povo da Guiné-Bissau não é lixo”.

Das várias intervenções sobressaíram palavras como “o Jomav bateu todos os recordes ao demitir cinco governos” em três anos, “confiou a governação aos incapazes”, ou ainda “desrespeitou a vontade do povo e ainda brinca com a paciência da comunidade internacional”.

Nesse particular, o porta-voz dos inconformados deixou um alerta à comunidade internacional, pedindo que “respeite o povo da Guiné-Bissau e que pare de dar mais tempo ao Jomav para massacrar o povo”.

Djaló não tem duvidas: o Presidente só se mantém no poder porque os guineenses ainda não se rebelaram contra ele.

“Quando o povo não quiser, o Jomav deixa de ser Presidente e qualquer figura deixa de ser representante do povo”, declarou Sumaila Djaló.

Sobre a pouca presença de pessoas no comício, o porta-voz dos inconformados afirmou que “os que vieram são os que eram precisos”.