O Senado não chegou a acordo para o aumentar o limite de dívida e assim financiar o governo federal nos Estados Unidos por mais um mês, obrigando ao encerramento parcial da administração pública, conhecido com um ‘shutdown’. A lei precisava de apoio democrata, que não teve, mas também teve republicanos a votar contra. Partidos lutam agora para ver quem fica com a culpa.

A maioria republicana no Senado não era suficiente para conseguir aprovar a lei que permitia que o governo federal continuasse a funcionar, eram precisos 60 votos. Com 50 republicanos no Senado (John McCain ainda está em tratamento devido a um tumor e Doug Jones conseguiu virar o Alabama para os democratas), apenas mais um que os democratas, os republicanos não tinham margem para aprovar a solução de recurso encontrada pela Câmara dos Representantes.

Mas, apesar dos números, nem todos os republicanos votaram a favor da lei. Entre os 49 votos contra houve cinco republicanos, entre os quais o líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnel, que o fez para poder voltar a votar a lei. Entre os 50 republicanos que votaram a favor, também houve cinco democratas, equilibrando a balança.

Este não é o primeiro ‘shutdown’ do governo federal norte-americano — o mais recente aconteceu em 2013 –, mas é o primeiro num período em que um só partido controla a Casa Branca e as duas câmaras do Congresso. Na altura, cerca de 800 mil funcionários foram dispensados e várias instituições públicas tiveram que ser encerradas, como museus, parques nacionais, departamentos não essenciais do governo federal e partes de centros de investigação médica.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A maioria republicana, e mesmo tendo republicanos a votar contra a lei, não impediu o partido de Trump de passar as responsabilidades para os democratas. Mitch McConnel acusou os democratas de terem tomado uma “decisão cínica”, que preteriu milhões de americanos em favor de “jogadas políticas irresponsáveis”. Na Casa Branca, a porta-voz Sarah Huckabee Sanders disse que os democrata comportaram-se como “perdedores obstrucionistas, não legisladores”.

Depois do voto, Mitch McConnel afirmou que iria tomar medidas para que fosse votada uma nova proposta ainda este fim-de-semana, que permitiria que o governo fosse financiado até 8 de fevereiro, mas os democratas estão determinados em não deixar passar o esforço.

O encerramento parcial do governo federal norte-americano acontece no mesmo dia em que Donald Trump celebra o seu primeiro ano como Presidente dos Estados Unidos, e surge na sequência da intensa luta entre os democratas e o Presidente que começou em setembro, depois de este ter determinado o fim do programa DACA. Este programa permitia aos emigrantes que tivessem chegado ao país ainda crianças permanecessem temporariamente em solo norte-americano, para estudar e trabalhar. A maior parte destes jovens são oriundos de países da América Central, em especial do México, e estão concentrados nos Estados da Califórnia, Nova Iorque, Texas e Florida.

Em resposta ao chumbo da proposta de aumento do teto de endividamento, a Casa Branca já fez saber que “não negociará” com os democratas o estatuto destes jovens que estão ilegais nos Estados Unidos.

“Não negociaremos o estatuto dos imigrantes ilegais enquanto os democratas mantiverem os nossos cidadãos legais reféns das suas exigências irresponsáveis”, afirmou a Casa Branca em comunicado.

Os democratas condicionaram o seu voto à exigência de que Trump e os republicanos concordassem em salvar o programa DACA, que protege da deportação cerca de 800 mil jovens, conhecidos como “sonhadores”.