Quem os viu e quem os vê. O Benfica da primeira metade da época misturou o sofrível com o muito sofrível. Algumas exibições (até quando vencia; e quando vencia, “devia-o” sempre ou quase sempre a Jonas) eram confrangedoras, tal a ausência de qualidade, princípios táticos básicos e, sobretudo, de atitude. Não é por acaso que a sua participação na “Champions” foi a pior de que há memória de um clube português na prova, não é por caso que acabou, pouco a pouco, por ser eliminado das competições todas e hoje tem somente o campeonato para disputar. Those days are gone.

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Benfica-Chaves, 3-0

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Bruno Esteves

Benfica: Varela; Douglas, Rúben Dias, Jardel e Grimaldo; Fejsa, Krovinovic e Pizzi; Salvio (João Carvalho, 72’), Cervi (Raúl Jiménez, 82′) e Jonas (Seferovic, 87′)

Suplentes não utilizados: Svilar, Luisão, Samaris e Rafa

Treinador: Rui Vitória

Chaves: António Filipe; Paulinho, Domingos Duarte, Maras e Djavan; Tiba (Filipe Melo, 85′), Bressan e Jefferson (Patrão, 60’); Jorginho (Perdigão, 60’), William e Davidson

Suplentes não utilizados: Ricardo, Nuno Coelho, Furlan e Platiny

Treinador: Luís Castro

Golos: Jonas (13’; 19’) e Pizzi (47’)

Ação disciplinar: Nada a registar

No dérbi com o Sporting, na deslocação a Braga, isso foi evidente: o Benfica é capaz de melhor, bem melhor. E frente ao Chaves momentos houve em que chegou mesmo a asfixiar a defesa contrária – e isto não era coisa que se visse há poucos meses –, criando oportunidades em barda, mas pecando sempre na altura de chutar à baliza – ou saía franco ou nem saía o remate. Antes Jonas tinha de resolver sozinho o que o coletivo – “coletivo” é naturalmente uma hipérbole aqui – não resolvia. Agora que, enfim, tinha coletivo (Krovinovic, Salvio, Fejsa ou Grimaldo destacaram-se este sábado), talvez nem precisasse de o fazer tão “pronunciadamente”, podia esperar que o assistissem, não se desgastando, para trás e para a frente, para a frente e para trás, para ter bola. Mas Jonas, mesmo que os tenha, não precisa de amigos. O “monstro” goleador nascido no município de Bebedouro, não precisa; sacia-se a si mesmo. Foi assim ao minuto 13. O Benfica queria tabelar até para lá do sol-posto. Nisto, a bola acabou por ficar à entrada da área, com uma muralha flaviense a impedir que entrasse. Jonas deixou-a bater no relvado, ela voltar a subir, e pegou-lhe em cheio. Entraria na “gaveta” o remate. Marca há oito jogos consecutivos. Este foi o golo 22.

Avancemos. E avancemos até ao minuto 19 no estádio da Luz. Salvio não tem propriamente um manancial de dribles estonteantes. É sempre o mesmo na verdade: corre, procura a linha de fundo, ameaça que cruza, não cruza, mas lá acaba por cruzar, rasteiro e recuado, tenso, para que alguém desvie de primeira. Certo: é sempre o mesmo. Mas volta e meia lá resulta. E resulta tanto mais quanto melhor for o executante que recebe o passe. Jonas aproximou-se do primeiro poste, recuou depois, a defesa do Chaves ficou lá e recebeu-o sem oposição. Rematou e fez o segundo da noite. Contas feitas, marcou em 17 das 19 jornadas na Liga. E apenas um clube não sabe o que é sofrer um golo de Jonas: o líder Porto.

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O Benfica entrou acutilante mas, chegado ao segundo golo, abrandou. E ao minuto 32 o Chaves podia mesmo ter reduzido a contenda. Paulinho subiu pela direita, o lateral do Chaves cruzou longo para a área, encontrou Davidson, o ponta-de-lança fez uma receção com o peito e orientada para a frente, rematou depois, mas Varela saiu rápido dos postes e defendeu.

Após o intervalo a toada manteve-se. Mais Benfica, sim, um Chaves afoito no contra-ataque, sim, mas tudo num ritmo calmo e sem oportunidades clamorosas para aqui descrever agora. E mais ficaria após o golo de Pizzi, logo no recomeço, ao minuto 47. À esquerda, Grimaldo cruzou para a entrada da área, Pizzi recebeu a bola sozinho, ninguém o importunou depois, escolheu o ângulo, colocou a bola no remate e bateu António Filipe — que ainda lhe tocou de raspão. Até final, uma oportunidade mais. O minuto era o 57. Douglas para Jonas, Jonas para Cervi, tudo rápido e com a defesa do Chaves a vê-los jogar. Já dentro da área, Cervi dribla Domingos Duarte e remata. Mas o remate foi à figura de António Filipe, que o encaixou.

Contas feitas, o Benfica está a um ponto do Sporting e a dois do líder Porto – que ainda terá que disputar a segunda parte do encontro com o Estoril.