Numa altura em que todos construtores vão adoptando, progressivamente, a mobilidade eléctrica como solução de futuro, até como forma de cumprir as cada vez mais restritivas exigências ambientais, o português Carlos Tavares, CEO do grupo automóvel francês PSA, acaba de anunciar o objectivo de, até 2025, ter versões eléctricas ou eletrificadas de todos os modelos que produz, independentemente da marca a que pertencem. Comerciais ligeiros, incluídos.

Falando aos jornalistas no Salão Automóvel de Detroit, o engenheiro português revelou que, ao todo, serão 40 os modelos electrificados, pertencentes às cinco marcas do grupo – Peugeot, Citroën, DS, Opel e Vauxhall. Sendo que todas estas propostas terão de estar disponíveis até 2025.

“Queremos tornar-nos no construtor automóvel mais eficiente… não no maior”, afirmou Carlos Tavares, naquilo que poderá ser também entendido como uma alusão à polémica que entretanto estalou, entre o Grupo Volkswagen e a Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, quanto ao verdadeiro detentor do título de maior construtor mundial. O que dificilmente poderá acontecer à PSA nos próximos anos, uma vez que para liderar o mercado mundial é necessário ultrapassar os 10 milhões de veículos e o grupo francês atingiu apenas 3.1 milhões em 2016 e em 2017, já com a Opel, 3,7 milhões.

EUA parte de estratégia mundial com 124 novos modelos

Na mesma ocasião, Tavares confirmou ainda que a PSA está a preparar o regresso aos EUA, embora sem revelar com que marca do grupo será feita a entrada. Acrescentando, contudo, que muitos dos futuros modelos Opel passarão a ser construídos de forma a cumprirem as directrizes do mercado norte-americano.

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Segundo o CEO, a entrada no mercado americano faz parte de um plano estratégico, que prevê o lançamento de 124 novos modelos ao longo dos próximos seis anos, em seis regiões do globo.

Tavares também revelou que o primeiro veículo destinado aos EUA está a ser desenvolvido na Europa, embora por uma equipa de engenheiros norte-americanos. Não deixando, porém, de salientar que a entrada neste mercado far-se-á, em primeiro lugar, através da oferta de serviços de mobilidade, também com vista à recolha de dados sobre o consumidor americano. E, tudo isto, antes mesmo de começar a vender automóveis.

Falando sobre condução autónoma, o português afirmou acreditar que 80% dos construtores serão capazes de oferecer, em 2030, veículos preparados para se conduzirem a si próprios, em determinadas condições. Sendo que 10%, permitirá mesmo o Nível 4 e Nível 5 de autonomia.

“A Opel, é a PSA de 2013”

Finalmente e quanto questionado sobre a situação da Opel, Tavares mostrou-se “confiante” de que será possível dar a volta aos resultados negativos que a General Motors tinha com a Opel e a Vauxhall, na Europa. Nomeadamente, através da aplicação de um plano idêntico àquele que o gestor implementou na PSA, após a sua entrada para o comando do grupo automóvel francês, que estava à beira de uma falência de que só foi salva graças à injecção de capital, através de compra de acções, por parte dos chineses da Dongfeng e do Estado francês..

“Os números que eu vejo na Opel e os números que fomos vendo, quando ainda não estávamos na companhia, mostram que a situação actual da marca alemã é muito semelhante, senão a mesma, que a PSA exibia, em 2013”, afirmou o português. Sentenciando, mesmo, que “a Opel é a PSA de 2013”.