O novo presidente do parlamento catalão, o independentista Roger Torrent, propôs esta segunda-feira em Barcelona o nome do líder separatista Carles Puigdemont para voltar a dirigir o Governo da Catalunha, apesar de todos os obstáculos jurídicos que isso implica. Segundo o El Periódico, Torrent já pediu, por carta, uma reunião com o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, para discutirem a “situação anómala” que se vive no parlamento catalão.

O anúncio, que não surpreendeu ninguém, aconteceu ao mesmo tempo que o ex-presidente, que permanece em Bruxelas sob pena de ser preso se pisar solo espanhol, viajava para a Dinamarca. De acordo com os jornais catalães, apesar de toda a polémica, o nome de Puigdemont foi o único que esteve em cima da mesa na ronda de contactos prévios com os grupos parlamentares realizados na semana passada.

Roger Torrent, um independentista empossado há duas semanas, quando prometeu privilegiar o “diálogo” entre as forças parlamentares, tomou esta decisão depois de se ter encontrado com todos os partidos com assento na assembleia regional. O bloco de partidos independentistas tem a maioria dos assentos no parlamento da Catalunha e o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, avisou na semana passada que Madrid irá manter a sua intervenção na Catalunha no caso de Carles Puigdemont tentar regressar ao poder na região.

Numa breve declaração aos jornalistas, Torrent explicou que está consciente da “situação pessoal e judicial” de Carles Puigdemont, mas que também está consciente da sua “absoluta legitimidade” para se candidatar a um segundo mandato como presidente do Governo regional da Catalunha. Como presidente do parlamento, Torrent acrescentou ainda que tem o dever de “garantir que todos os deputados se possam expressar e possam exercer o seu direito de representação política”, numa alusão ao facto de Puigdemont ter pedido para delegar o seu voto na sessão de investidura, para poder votar.

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Supremo recusa pedido da Procuradoria para prender Puigdemont na Dinamarca

O Ministério Público espanhol pediu entretanto a reativação do mandado de captura internacional contra Puigdemont, para que seja detido em solo dinamarquês, onde chegou esta madrugada para uma conferência. A opção de pedir uma mandado apenas para aquele país está prevista na lei e pretende evitar um mandado de captura internacional que colocaria Puigdemont no sistema de informações de Schengen e poderia conduzir à sua detenção na Bélgica. Mas o juiz do Tribunal Supremo já fez saber que não vai dar luz verde a esse mandado de captura pelas autoridades dinamarquesas. Puigdemont é investigado em Espanha por suspeitas de rebelião.