Tudo começou em março de 1981. Nesse ano, Portugal candidatou-se pela primeira vez a ser nomeado para o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro ao lado da Islândia, dos Camarões e da Colômbia. Nenhum deles teve sorte de principiante: o filme soviético “Moscovo Não Acredita em Lágrimas” levou a melhor com a história de três amigas que passam 30 anos a crescerem juntas. Desde então, a Islândia participou todos os anos, os Camarões nunca mais voltaram a tentar e a Colômbia regressa de vez em quando. Quanto a Portugal, só faltou quatro vezes — e todas as tentativas estão na fotogaleria em cima. Mas nunca venceu nada.

Não vencer não significa que não se batam recordes nos prémios da Academia. É que Portugal é uma espécie de Leonardo Di Caprio dos Óscares: somos o país que mais vezes se candidatou à categoria de Melhor Filme Estrangeiro sem nunca ter conseguido sequer uma nomeação. “São Jorge” podia ter sido o nosso Salvador Sobral (ou o nosso Eder, vá), mas ainda não foi desta: no ano em que o número de candidatos chegou aos 92, o mais elevado de sempre, o filme protagonizado por Nuno Lopes e realizado por Marco Martins ficou pelo caminho.

Mas nem tudo é mau porque, apesar de tudo, há alguns sinais de Portugal em algumas estatuetas douradas. Carlos de Mattos, que nasceu em Angola quando ainda era colónia portuguesa, venceu dois Óscares: um em 1983, na categoria de Realização Técnica de “E.T. O Extraterrestre”; e outro três anos depois na categoria “Engenharia e Ciência” pela invenção de uma câmara de controlo remoto. E o dramaturgo Christopher Hampton, nascido no Faial, ganhou o Óscar de Melhor Argumento Adaptado pelo filme “Ligações Perigosas” e chegou a ser nomeado em 2008 com o filme “Expiação”. Em 2015, “Feral” venceu na categoria de Melhor Curta-Metragem de Animação — o realizador era Daniel Sousa, que nasceu em Cabo Verde quando ainda era uma colónia portuguesa e viveu em Portugal até à adolescência.

O diretor de fotografia Eduardo Serra já esteve nomeado duas vezes para os Óscares pelos filmes “As Asas do Amor” (1997) e “Rapariga com Brinco de Pérola” (2003).

Portugal aparece noutro filme, mas através do México: em 2003, uma adaptação do filme “O Crime do Padre Amaro”, baseado na obra de Eça de Queiroz, valeu aos mexicanos uma nomeação para o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro. Só não venceu.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR