“Não é uma questão de se, mas quando”. As palavras são de Ciara Martin, diretor do Centro Nacional de Cibersegurança britânico, e não deixam margem para dúvidas: o Reino Unido vai enfrentar um ciberataque capaz de causar efeitos devastadores no sistema eleitoral ou de paralisar grandes infraestruturas dentro de um prazo máximo de dois anos.

Em entrevista ao The Guardian, Martin reconheceu que o Reino Unido tem tido alguma sorte ao conseguir evitar ataques desta natureza, que seriam capazes de destruir — pelo menos momentaneamente — serviços de distribuição de energia ou ligados ao setor financeiro.

“Acho que é uma questão de ‘quando’, não de ‘se’. Teremos sorte se chegarmos ao final da década sem ter de lidar com um ataque de categoria um [o grau máximo]. Alguns ataques vão passar [a proteção total é impossível]. Nessa altura, só vamos poder fazer contenção de danos”, afirmou o diretor do Centro Nacional de Cibersegurança britânico.

Recordando os vários ataques alegadamente organizados pelos governos norte-coreanos e russos, Ciara Martin assumiu que o Reino Unido pode tornar-se o próximo alvo.

Alguns desses ataques já realizados, atribuídos igualmente aos governos chinês e iraniano, seriam parte de uma estratégia de espionagem, com o objetivo de explorar vulnerabilidades nas infra-estruturas daqueles países. Ciara Martin acredita, no entanto, que os responsáveis por essas ofensivas estejam agora na posse de informações que lhes permitirão dar o próximo passo: um ciberataque capaz de congelar e destruir infraestruturas digitais essenciais para a sobrevivência dos Estados.

Dando mais uma vez o exemplo dos ataques russos, Ciara Martin colocou as coisas nestes termos: “O que vimos da Rússia até agora contra o Reino Unido foi uma série de intrusões para espionagem e possível pré-posicionamento em setores-chave”. Tudo para recolher informações que alimentem futuros ataques. Resta saber se, quando o momento chegar, os Estados vão estar preparados.

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