O investimento empresarial deverá crescer 3,7% este ano, após ter subido 5,5% em 2017, e deverá ser canalizado sobretudo para a substituição de equipamentos e aumento da capacidade de produção, segundo dados divulgados esta sexta-feira pelo INE.

De acordo com as intenções manifestadas pelas empresas no Inquérito de Conjuntura ao Investimento de outubro de 2017 do Instituto Nacional de Estatística (INE), “entre os objetivos do investimento perspetiva-se, entre 2017 e 2018, um aumento da importância relativa do investimento associado à extensão da capacidade de produção, enquanto o peso relativo dos investimentos orientados para a substituição e para outras finalidades deverá diminuir e o investimento orientado para a racionalização e reestruturação manterá a sua importância relativa inalterada”.

“Apesar da redução do seu peso relativo — acrescenta o INE — o investimento de substituição destaca-se por ser o mais referido em ambos os anos”.

A desaceleração prevista do investimento empresarial entre 2017 (5,5%) e 2018 (3,7%) é determinada pelo contributo de sete secções, destacando-se as de ‘indústrias transformadoras’ e as de ‘atividades administrativas e dos serviços de apoio’, com -2,4 pontos percentuais (p.p.) e -1,2 p.p., respetivamente. É ainda atribuída à evolução nas empresas pertencentes ao 3.º escalão de pessoal ao serviço (entre 250 e 499 trabalhadores), que passam de um contributo de 1,2 p.p. em 2017 para -0,7 p.p. em 2018, refletindo taxas de variação de 7,5% e -4,5% em 2017 e 2018, respetivamente.

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Os resultados deste inquérito — realizado entre 1 de outubro de 2017 e 17 de janeiro de 2018 — traduzem uma “ligeira revisão em alta” face às perspetivas de investimento empresarial em 2017 reveladas no inquérito anterior (variação de 5,1%) e uma revisão “mais acentuada” face às perspetivas reveladas no inquérito de outubro de 2016 (variação de 3,8%).

Segundo o INE, o “principal fator limitativo” do investimento empresarial identificado pelas empresas nos dois anos analisados foi a deterioração das perspetivas de venda, seguindo-se, em 2017, a incerteza sobre a rentabilidade dos investimentos e, em 2018, a insuficiência da capacidade de autofinanciamento.

Entre 2017 e 2018 prevê-se um aumento do peso relativo da insuficiência da capacidade de autofinanciamento e uma redução do peso relativo da dificuldade em obter crédito bancário.

Considerando a dimensão das empresas por escalões de pessoal ao serviço, destacam-se as pertencentes ao 4.º escalão (500 ou mais pessoas ao serviço) por registarem o contributo positivo “mais significativo” (2,6 p.p.) para a variação do investimento em 2017, refletindo um acréscimo de 6,7%.

Seguem-se as empresas do 2.º (entre 50 e 249 pessoas ao serviço) e 3.º escalões (entre 250 e 499 trabalhadores), com um contributo de 1,2 p.p. em ambos os casos (traduzindo acréscimos de 5,9% e 7,5%, respetivamente) e as empresas do 1.º escalão (menos de 50 pessoas), que apresentaram um contributo de 0,4 p.p. (traduzindo um aumento de 1,8% do investimento).

Já o crescimento de 3,7% da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) previsto para 2018 deve-se ao contributo positivo das empresas pertencentes ao 4.º escalão (5,3 p.p.), em resultado de uma variação de 13,4%, tendo as empresas dos restantes escalões de pessoal ao serviço apresentado contributos negativos.

Se em 2017 as indústrias transformadoras com vertente mais exportadora se destacaram com um mais forte aumento do investimento, na ordem dos 8,8%, para 2018 perspetiva-se uma diminuição de 0,1% do investimento empresarial nestas empresas exportadoras, o que compara com o aumento previsto para o conjunto das empresas da secção de indústrias transformadoras (crescimento de 0,2%) e para o total de empresas (3,7%).

Quanto ao indicador de difusão do investimento (percentagem de empresas que refere a realização de investimentos ou a intenção de investir), o INE diz ter mantido “o habitual perfil descendente” nos três anos analisados: 88,5% em 2016, 80,2% em 2017 e 77,2% em 2018.

Em 2017 e 2018, para o total das atividades, o investimento de substituição destacou-se como o principal objetivo do investimento (com um peso de 38,7% na média dos dois anos), seguindo-se o investimento de extensão da capacidade de produção (37,8%). Já os objetivos de outros investimentos e de racionalização e reestruturação representaram 14,0% e 9,4% do total do investimento empresarial na média dos dois anos, respetivamente.

O autofinanciamento continua a ser a principal fonte de financiamento para o investimento das empresas inquiridas, representando 66,3% e 65,4% do total em 2017 e 2018, respetivamente. De 2017 para 2018 observa-se uma estabilização da percentagem de empresas com indicação de limitações ao investimento, 35,3% em ambos os anos.