A Procuradoria Geral da República veio esclarecer esta tarde que as buscas efetuadas na sexta-feira passada, por parte de magistrados da 9ª Secção do DIAP, foram realizadas no Ministério das Finanças e não no gabinete do ministro Mário Centeno.

A notícia de que o gabinete do ministro das Finanças tinha sido alvo de buscas foi avançada pelo Correio da Manhã e confirmada ao Observador por fonte oficial da Procuradoria Geral da República e pelo Ministério das Finanças que, questionados diretamente sobre a existência de buscas no gabinete de Mário Centeno, as confirmou. Mais tarde, a PGR veio dizer, que afinal as buscas não visaram o gabinete do ministro das Finanças.

O Observador confirmou ainda junto de fonte próxima do processo, que o processo está relacionado com a suspeita de favorecimento a uma empresa dos filhos de Luís Filipe Vieira, presidente do SL Benfica, chamada Realitatis – Investimentos Imobiliários, S.A. Tiago e Sara Vieira fazem parte da administração da sociedade.

“Confirma-se a realização de buscas para recolha de prova documental no âmbito de um inquérito em investigação no DIAP de Lisboa”, confirmou fonte oficial do Ministério Público em mensagem enviada ao Observador. “O inquérito não tem arguidos constituídos e está em segredo de justiça”, acrescentou a mesma fonte.

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Ao Observador, fonte do ministério confirmou “a realização de ações inspetivas”, garantiu a colaboração “de forma franca”, colocando “à disposição das autoridades judiciárias todos os elementos solicitados”. O executivo não revelou o motivo das “ações inspetivas”, “respeitando o segredo de Justiça”, ainda segundo a mesma fonte.

Segundo a revista Sábado, em causa está uma investigação da 9.ª secção do DIAP de Lisboa a um alegado favorecimento da empresa Realitatis – Investimentos Imobiliários, S.A num processo de isenção de IMI de um prédio daquela sociedade. Em causa está igualmente uma alegada intervenção de Luís Filipe Vieira, presidente do SL Benfica, nesse mesmo processo.

O Observador já confirmou esta informação junto de fonte próxima do processo mas a Procuradoria-Geral da República ainda não confirmou quais são os crimes que estão a ser investigados.

Centeno já tinha negado qualquer intervenção em processo do filho de Vieira

Segundo o Correio da Manhã, a decisão de isenção terá sido anunciada uma semana depois de Mário Centeno ter pedido lugares para o jogo entre Benfica e o FC Porto, em abril do ano passado. Uma informação que foi avançada em primeira mão pelo Observador.

Por seu turno, o Ministério das Finanças refere, em mensagem enviada ao Observador que, tal como já havia comunicado a 8 de janeiro, o “Ministério não tem qualquer intervenção na atribuição das isenções de IMI”, que são, argumenta, da competência das autarquias. “Neste, como noutros processos da mesma natureza, não houve – como não teria de haver – qualquer intervenção do Governo”, lê-se no comunicado. “O Ministério [das Finanças] não tem qualquer intervenção na atribuição das isenções de IMI”, enfatiza o mesmo texto.

Ministro das Finanças pediu lugares para si e para o filho para o Benfica-Porto da época passada

Mário Centeno pediu ao Benfica que lhe fosse atribuído um lugar na bancada presidencial para assistir ao jogo entre os dois clubes. O pedido foi feito através do assessor diplomático do ministro das Finanças e incluía um segundo lugar naquela bancada, que seria para o filho de Centeno, a 17 de março.

Centeno garante não ter interferido em isenção fiscal de filho de Luís Filipe Vieira

A revista Sábado noticiou em setembro uma troca de e-mails entre Tiago Vieira e Luís Filipe Vieira relativa ao tema da isenção de IMI. Em causa estava um pedido da Realitatis – Investimentos Imobiliários, S.A. – empresa de compra e venda de imobiliário, que tem a filha de Luís Filipe Vieira, Sara Vieira, como presidente – junto da Câmara Municipal de Lisboa (CML) e que se prendia com um prédio que aquela sociedade tinha reabilitado, o n.º 28 da Rua de Sol a Santa Catarina, em Lisboa, e que pretendia vender.

Tiago Vieira, filho de Luís Filipe Vieira, viria a enviar um e-mail ao presidente do Benfica a dizer: “Pai, Já cá canta!!!!! Sem o teu empurrão não íamos lá. Beijo grande”

António Costa: se Centeno pediu bilhetes ao Benfica, “certamente tinha boas razões”