E ao quinto penálti, a decisão estava nos pés do William. O mesmo William que, no Campeonato da Europa Sub-21 de 2015, tinha falhado. O mesmo William que, na meia-final da Taça da Liga com o FC Porto, tinha falhado. O William que provou o porquê de partilhar a braçadeira de Rui Patrício e assumiu a conversão da grande penalidade que podia dar a vitória ao Sporting com o V. Setúbal. E marcou, apesar de ter acabado no chão por escorregar ligeiramente no momento em que ia bater a bola que Trigueira não conseguiria apanhar.

Os leões voltaram a conquistar um troféu (o último tinha sido a Supertaça, em agosto de 2015, com o Benfica) e a festa espalhou-se um pouco por todo o estádio, entre o relvado e as bancadas. E começou com ironia, a ironia de Nélson Pereira, antigo guarda-redes verde e branco e atual treinador da posição específica.

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“Onde estive hoje nas grandes penalidades? Hoje estive de lado… A organização diz que tenho de receber a medalha atrás da baliza mas não há problema. Conquistámos o nosso objetivo que era vencer a Taça da Liga e este grupo de trabalho está todo de parabéns pela época que está a fazer. Isto é o início daquilo que aí vem e do que temos para conquistar. Estamos tão bem servidos com este plantel maravilhoso que só tenho razões para sorrir”, referiu enquanto os jogadores iam por trás gritando “Vai para trás da baliza, vai para trás da baliza”, recordando o “caso” na meia-final do FC Porto onde, após a primeira conversão, Nelson se deslocou para trás da baliza.

Já Jorge Jesus, ainda no relvado, repetiu a frase “São seis, são seis”, destacando o número de finais da Taça da Liga conquistadas (cinco pelo Benfica, uma pelo Sporting) quando ainda estava no relvado. Depois, subiu até à tribuna do Municipal de Braga, onde trocou um grande cumprimento com o seu ex-presidente no Sp. Braga, António Salvador, andou a comandar a volta de honra do plantel no relvado a agradecer o apoio dos adeptos nas bancadas, tirou as fotografias da praxe e teve mais palavras dirigidas aos críticos, pedindo respeito pelos treinadores.

“Trabalhamos isto há muito tempo. Dei novamente a responsabilidade ao Seba [Coates] e ao William. Os profetas da desgraça, os que só comentam na televisão, que não sabem do treino, acho que é em função de um dia falhar aqui e ali. Isto do futebol, se fosse fácil ser jogador, todos eram jogadores. Ser treinador é a mesma coisa. É a única profissão que todos percebem. É uma profissão que exige muito conhecimento, principalmente de quem trabalha, que é quem sabe as decisões que tem a tomar, que não são tomadas de ânimo leve. Mas há muita gente que vai engolir sapos na garganta por causa do William”, começou por referir o treinador leonino.

“São seis, cinco no Benfica e uma aqui. Foi com essa intenção que vim, para pôr o Sporting ao nível das duas grandes equipas que havia em Portugal, as que comandaram ao longo destes anos o futebol em Portugal. O Sporting era o quase… nem era o quase, nem lá chegava! Nós queremos disputar decisões. Demora tempo, não é fácil chegar a um clube que não tem cultura de ganhar. O Sporting demonstrou que é um grande clube em Portugal. Quem faz os clubes são as massas adeptas e hoje os adeptos pintaram tudo de verde. Ganhar o troféu era o objetivo, mas para mim fazer o Sporting voltar a ser esse clube é tão importante como ganhar a taça”, completou.

Também Bruno de Carvalho, presidente do Sporting que assistiu ao encontro na tribuna do Municipal de Braga, fez questão de cumprimentar as pessoas que tinha mais próximas na tribuna, como o presidente da Liga Pedro Proença ou o líder do V. Setúbal, Vítor Hugo Valente, mas acabou por descer à zona perto do relvado, tendo surgido já sem casaco mas com a camisola de vencedores da Taça da Liga que todos os elementos tinham vestido.

Depois de ter passado pelo balneário para mais uma fotografia de grupo, e surgindo já com o cabelo molhado da festa, o presidente leonino fez questão de deixar uma palavra de agradecimento a todos os sportinguistas através das redes oficiais verde e brancas. “Obrigado por tudo, viva o Sporting”, disse. Pelo meio, ainda houve tempo para fazer imitações em argentino (simulando uma entrevista a Battaglia) e em brasileiro (como se fosse Bruno César a falar), além de ter feito a “tradução” de uma conversa com o croata Misic porque só conseguia rir. Tal como os jogadores, os treinadores e o restante staff, a alegria de Bruno de Carvalho após o jogo era evidente.