O estado em que Nellie Baldwin, agora com 78 anos, encontrou a casa que tinha acabado de comprar em Rio Vista, em Fort Worth, no estado norte-americano do Texas, fê-la questionar o que é que tinha acontecido à família que ali vivia. O banco não a tinha deixado visitar a moradia sem que Nellie assinasse um termo de responsabilidade: não queria responsabilizar-se se ela ou algum familiar se sentisse mal lá dentro. Mesmo assim, Nellie não achou que “seria algo do género” do que acabou por encontrar até porque, revelou à CNN, já tinha comprado outras casas em mau estado.

Por isso, ainda assim, Nellie Baldwin comprou a casa. Apesar de o banco ter feito uma limpeza ao exterior, por dentro a casa continuava “suja” e “parecia inabitável”. “Tinha fezes esmagadas nas paredes. Na sala de estar e em todos os quartos havia um odor terrível”, descreveu a mulher. Havia “lixo por todo o lado” e buracos nas paredes.

A família que viveu naquela casa tornou-se internacionalmente conhecida há duas semanas. Pela mesma altura, Nellie Baldwin encontrou as justificações para o estado em que tinha encontrado a vivenda que comprou em Rio Vista: pertencia aos Turpin, o casal que acorrentava e mantinha subnutridos os 13 filhos. “Fica-se doente de pensar que as pessoas viviam daquela maneira. Que tantas crianças viveram em condições tão precárias durante 12 anos e ninguém sabia disso”, disse.

[Veja aqui as imagens do interior da primeira “casa dos horrores”]

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Na altura em que Nellie fez a compra, em abril de 2011, a casa estava fechada desde abril de 2010. Foi nesse ano que Louise, David e os filhos se mudaram para a Califórnia, para a “casa dos horrores” no número 160 da Rua Muir Woods, em Perris. O casal já teria começado a abusar dos filhos no Texas, apesar de só estar a ser acusado por atos que aconteceram desde 2010. “Começou com casos de negligência” em forma de castigo que podiam “durar semanas ou meses”, revelou o procurador responsável pelo caso, Michael Hestrinem. As crianças eram amarradas com cordas e mais tarde passaram a ser presos com correntes e cadeados.

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Os abusos acabaram em estrangulamentos e agressões e acabaram quando a filha de 17 anos conseguiu fugir da casa, pela janela, e denunciar o caso às autoridades. Quando a polícia chegou à casa da Califórnia deparou-se com “várias crianças acorrentadas às suas camas com correntes e cadeados, na escuridão e num ambiente com cheiros nauseabundos”. O estado em que as crianças foram encontradas sugere que as crianças não estavam autorizadas a ir à casa de banho. E explica em parte o que também podia acontecer na casa do Texas.

O casal enfrenta agora uma pena que pode ir “até 94 anos de prisão”, se forem condenados. Estão acusados de 38 crimes no total. O juiz fixou uma fiança de 13 milhões de dólares (cerca de 10,3 milhões de euros) para cada um e agendou o início do julgamento, no mesmo tribunal, para o próximo dia 23 de fevereiro, às 13h30 (hora local).

Dormiam de dia, não comiam e só tomavam banho uma vez por ano. Casal que acorrentou 13 filhos pode ficar até 94 anos na prisão