O primeiro-ministro, António Costa, disse esta terça-feira que Portugal continua disponível para receber refugiados, admitindo que “tem sido lento” o mecanismo europeu de recolocação e reinstalação.

“Ao nível da União Europeia estamos creio que em sexto lugar no acolhimento dos refugiados em operações de recolocação e continuamos ativos e disponíveis para os receber”, disse António Costa, em declarações aos jornalistas.

O primeiro-ministro almoçou esta segunda-feira no restaurante de cozinha síria Mezze, no mercado de Arroios, Lisboa, um projeto da Associação “Pão a Pão”, que visa a integração de refugiados do Médio Oriente, fundada por três portugueses e uma estudante síria.

Costa sublinhou que a quota portuguesa é de “praticamente dez mil pessoas”, que na operação de recolocação chegaram cerca de 1500 e que na reinstalação “preveem-se que possam chegar mais 1100”.

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“É um mecanismo que tem sido lento a funcionar mas eu acho que Portugal tem sido exemplar quer na abertura quer na capacidade de acolher quer na capacidade de integrar na sociedade que é o mais importante”, defendeu António Costa.

Segundo o primeiro-ministro, o governo português tem procurado “que ao nível da União Europeia os mecanismos de recolocação e de reinstalação funcionem melhor do que o que tem funcionado”.

Segundo uma das fundadoras da Associação, a ex-jornalista Francisca Gorjão Henriques, o restaurante emprega atualmente 14 refugiados (12 sírios, um iraquiano e uma palestiniana) e dois portugueses, que recebem um salário “acima do que se paga na restauração”, cumprindo horário seguido, o que “permite empregar mais pessoas”.

António Costa destacou o Mezze como “um exemplo de sucesso” e sublinhou que o objetivo do acolhimento não visa apenas assegurar a proteção mas também que “as pessoas possam retomar e encontrar os seus próprios caminhos de vida”.

Questionado sobre os alertas do ex-presidente da República Jorge Sampaio – com quem almoçou no Mezze – para a necessidade de “fazer mais” na reintegração, António Costa considerou esta terça-feira o país tem mais possibilidades de acolher e integrar por ter “mais condições de crescimento económico”.

Segundo o primeiro-ministro, “há um conjunto de universidades e politécnicos que sinalizaram as disponibilidades para acolher estudantes”, tal como várias empresas.

“Esse trabalho existe mas é essencial que as pessoas possam chegar até nós e a verdade é que temos verificado que os mecanismos de recolocação e reinstalação têm sido menos dinâmicos do que aquilo que desejávamos”, admitiu.

No que toca à integração, António Costa considerou que “no essencial” tem corrido bem, frisando que “mais de 50% dos refugiados que chegaram a Portugal “tem vindo a autonomizar-se encontrando trabalho ou outros caminhos em processos normais, noutros países, ou no reagrupamento” familiar.

António Costa elogiou a iniciativa do ex-Presidente da República Jorge Sampaio que promoveu uma plataforma global para que jovens estudantes refugiados possam prosseguir os seus estudos universitários.

“É muito importante para que sempre que países enfrentem crises não haja uma geração perdida por não poderem continuar os seus estudos”, considerou.