O Estado português detém seis helicópteros Kamov. Em 2012, um deles sofreu um grave acidente e é improvável que alguma vez seja reparado devido aos elevados custos. Mais tarde, outros dois avariaram e permanecem em reparação. Em novembro do ano passado, dois dos que restavam foram recolhidos para uma manutenção peça e peça. E agora, o único helicóptero Kamov que ainda voava, avariou.

O Público conta que a Everjets, a empresa que opera os Kamov, arranjou-o. Mas a inspeção da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) chumbou o aparelho e impediu-o de descolar. Ou seja, atualmente, nem a Autoridade Nacional de Proteção Civil nem o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) podem contar com os helicópteros.

Em declarações ao jornal, Ricardo Dias, o presidente da Everjets, garante que a aeronave “está em plenas condições de voo” e explica que em causa está um pedido de extensão de utilização de uma peça importante. A ANAC recusou este pedido por se tratar de uma segunda extensão, já que a data limite da peça era em janeiro de 2017 e passou para janeiro de 2018. Segundo fontes do setor da aviação, um helicóptero canadiano teve um acidente devido a uma avaria nesta peça e a autoridade não quer correr esse risco – para além de que já tinham alertado a Everjets de que não seriam aceites mais extensões.

Com esta perda, o INEM tem agora apenas três helicópteros disponíveis para todo o país e vai ter de adjudicar diretamente um para substituir este último Kamov. Contudo, Ricardo Dias garante que “um deles está pronto e outro estará a qualquer momento”. Na mesma linha, a Autoridade Nacional de Proteção Civil também foi afetada com esta falta de meios. Na apresentação do dispositivo de meios aéreos para a próxima época de combate aos incêndios, o ministro da Administração Interna contava com os seis helicópteros Kamov operacionais. Ora, pode contar apenas com três. Quanto aos que estão parados há mais tempo, o Governo garante a sua recuperação mas ainda não abriu qualquer concurso.

A legalidade da situação está ainda a ser posta em causa porque a Everjets não substituiu qualquer Kamov – ao contrário do que está previsto no contrato. Ricardo Dias confirma que um dos Kamov, uma aeronave pesada, foi substituída por dois Ecureuil B3, helicópteros ligeiros. Quanto aos outros dois, diz que o segundo não foi substituído “por estar dentro dos tempos de inoperacionalidade” e o terceiro “não tem de ser substituído”.

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