Os fabricantes de veículos em Portugal estão numa “dinâmica de aumento de produção”, sendo que se espera atingir as 240 mil unidades este ano e as 300 mil em 2020, disse esta quarta-feira o secretário-geral da ACAP, Hélder Pedro.

“Na produção automóvel de Portugal conta-se não só com a produção da Volkswagen Autoeuropa, mas também do grupo PSA, da Mitsubishi Fuso e da Salvador Caetano, sendo que todas estas fábricas estão em dinâmica de aumento da produção. Em 2020 contamos duplicar o valor de 2016 e atingir as 300 mil unidades montadas no país”, disse o dirigente da ACAP no final da conferência de imprensa de balanço anual de 2017, em Lisboa.

“Em 2020, queremos tornar Portugal um país considerado com indústria automóvel na União Europeia, porque as 300 mil unidades dão já uma importância diferente ao país como produtor de veículos e contamos naturalmente com a Autoeuropa e com as outras fábricas e eventualmente com outro construtor que se possa instalar no futuro em Portugal, que seria muito bom”, prosseguiu.

Em 2017, foram produzidos em Portugal 175 mil veículos, mais 37% do que no ano anterior, sendo que este ano poderão ser fabricados 240 mil veículos, o que corresponde a mais 37% do que no ano precedente.

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O mercado em Portugal, em 2017, atingiu o seu “ponto de estabilização”, depois da grave recessão de 2012 e das recuperações acima de 30% em 2014, que se não repetiram, segundo a ACAP.

Sobre as vendas de carros usados, Hélder Pedro disse que são em geral sempre superiores aos carros novos, referindo que têm “uma dinâmica própria”.

“Nos anos de crise do mercado de [veículos] novos, os usados é que compensaram aquilo que é o valor de mercado automóvel em Portugal”, afirmou o responsável.

A ACAP justifica o aumento das vendas de automóveis usados com um incremento da procura e com o facto de os portugueses começarem a consumir mais.

Trata-se de um canal que “é favorecido, uma vez que quanto mais velhos são os carros menos imposto pagam, o que é uma contradição em termos das políticas ambientais do país”, disse o secretário-geral da ACAP.

Sobre a importação de carros da União Europeia (UE), Portugal continua a ser um grande comprador, sendo que a ACAP considera que há um incentivo à compra destes veículos.

Há dois anos, os veículos importados da UE passaram a poder ter entre cinco e dez anos, o que se traduziu num desconto que pode ir até aos 80% para os carros com dez anos.

Quanto aos veículos elétricos, “representam 0,7% do mercado em Portugal, mas há uma tendência para crescerem porque a oferta das marcas é grande e há o crescente aumento da rede de abastecimento”, afirmou Hélder Pedro.

Sobre as portagens, o dirigente da ACAP considerou que “a atual classificação é terrível” para o mercado automóvel português porque “está desajustada” face aquilo que é a nova oferta de veículos em todos os mercados da União Europeia.

“Muitos destes veículos passaram automaticamente de classe 1 para a 2 por não cumprirem os critérios e o que pedimos ao Governo é que seja alterado o critério de classificação de forma a que, como acontece com os outros países da Europa, não haja em Portugal uma distorção de mercado e veículos que se vendem em Espanha, Alemanha e na França não possam vender-se em Portugal”, salientou.

Hélder Pedro falou ainda do facto de o ‘rent-a-car’ (aluguer de carros) estar a alavancar as vendas de automóveis em Portugal, devido sobretudo à renovação das frotas, dinâmica que tem muito a ver com o crescimento do turismo.

O ‘rent-a-car’ representava 20% das vendas de automóveis ligeiros em 2016, tendo passado para 24% em 2017.

“Sem ‘rent-a-car’ e o aluguer operacional de veículos, haveria uma queda das vendas globais de automóveis”, frisou o responsável.

O dirigente da ACAP manifestou-se ainda favorável ao abate dos veículos como forma de incentivar o mercado automóvel.

Sobre o ‘Brexit’ (saída do Reino Unido da União Europeia) disse que há “uma grande preocupação” sobre o futuro.

Cerca de 50% do mercado do Reino Unido são veículos produzidos no continente europeu (Portugal, Espanha e França) e a produção do Reino Unido destina-se também maioritariamente ao mercado europeu.

“Daí que haja uma grande preocupação da congénere da ACAP no Reino Unidos sobre o futuro da indústria automóvel. É um dossiê que estão a procurar discutir autonomamente com a União Europeia dado o seu valor estratégico”, disse o dirigente da ACAP, admitindo que com o ‘brexit’ as exportações de automóveis de Portugal para o Reino Unido poderão ser afetadas.