A marcha do Alto do Pina, que participa nas Festas de Lisboa desde 1932, não vai desfilar em 2018 na Avenida da Liberdade devido a uma mudança no regulamento, que, na sua opinião, “só deveria entrar em vigor em 2019”.

Pedro Jesus, representante do Ginásio do Alto do Pina, falou na terça-feira aos deputados da Assembleia Municipal de Lisboa para demonstrar o seu “descontentamento pela forma como a administração da EGEAC [Empresa Municipal de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural] se tem comportado no último ano e meio, relativamente às marchas de Lisboa”.

“A marcha do Alto do Pina é pioneira desde 1932 neste grande evento que são as Festas de Lisboa e as marchas populares, em 2012 representámos o município de Lisboa em Macau e em 2016 igualmente. Somos medalha de Mérito Municipal grau ouro e instituição de interesse público municipal”, afirmou o responsável.

Segundo Pedro Jesus, a “EGEAC alterou recentemente o regulamento do concurso de marchas populares a vigorar na edição de 2018, contudo fê-lo na edição de 2017” e “sem a aprovação das marchas, contrariando o que sempre foi costume até então”.

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Numa publicação na sua página da rede social Facebook, o Ginásio do Alto do Pina explicou que, “segundo o novo regulamento, as últimas três marchas não participam na edição seguinte”.

Dado que na edição de 2017, a marcha do Alto do Pina ficou em 17.º lugar, juntamente com Belém (que obteve a mesma pontuação), foi feito um sorteio que ditou a “não inclusão da marcha na edição de 2018, juntamente com as duas últimas marchas classificadas”.

“Tal imbróglio criado ditou o afastamento definitivo para a edição de 2018 da marcha do Alto do Pina, da marcha de Santa Engrácia [20ª classificada], e da marcha de Benfica [19ª classificada]”, referiu o representante.

Pedro Jesus referiu também que em setembro houve uma reunião que contou com representantes de 19 marchas, na qual o conjunto entendeu que “as novas condições regulamentares, nomeadamente as de admissão a concurso, só deveriam entrar em vigor para o sorteio de 2019 e não como foi feito em novembro pela EGEAC”.

Sob solicitação da empresa, “21 marchas unidas fizeram uma proposta ao Conselho de Administração da EGEAC”, que foi entregue “no início de dezembro”, mas a resposta “só foi recebida” na terça-feira e foi negativa, elencou.

Entretanto, deu entrada na Assembleia Municipal uma petição sobre o assunto, que vai agora ser apreciada pelos deputados.

“Somos parceiros da Câmara Municipal de Lisboa, amamos esta cidade e as Festas de Lisboa, não nos tirem aquilo que amamos”, rematou Pedro Jesus, apontando que a marcha tem “elevado bem alto o nome da cidade de Lisboa”.

Também a marchante Ana Rita Ramos tomou a palavra em representação dos outros marchantes, para considerar ser “injusto o que a EGEAC fez” e apelar “a que esta situação seja resolvida”.

A agência Lusa tentou obter um esclarecimento por parte da EGEAC, mas até ao momento não obteve resposta.

Na sessão plenária de hoje, os eleitos municipais debateram também o tema do alojamento local, tendo sido aprovada uma moção no sentido de “solicitar à Assembleia da República a alteração do enquadramento legal do desta atividade, tendo em vista que o atual processo de registo dê lugar a um processo de autorização com critérios a definir pelos municípios”.

A moção pede também que seja possibilitado “aos municípios a limitação das autorizações concedidas para zonas específicas, através do estabelecimento de quotas, que assegurem o equilíbrio entre a habitação permanente e o uso turístico”.