A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil, Cármen Lúcia Antunes, criticou esta quinta-feira declarações feitas por políticos contra o poder judiciário e afirmou que “a lei é a linha divisória entre a moralidade e a barbárie”.

Carmen Lúcia falava durante uma cerimónia que inaugurou o ano judicial no Brasil, após uma interrupção que começou em dezembro passado, na qual participaram o Presidente da República, Michel Temer, e os chefes da câmara baixa e da câmara alta parlamentar do país, Rodrigo Maia e Eunício Oliveira, os três suspeitos de práticas de correm investigações sobre corrupção.

De uma forma velada, Cármen Lúcia aludiu às críticas que quase todo o setor da política nacional mantém contra a ação dos tribunais diante dos escândalos de corrupção que ocorreram por mais de quatro anos no país e que colocaram contra a parede líderes de praticamente todos os partidos.

Segundo a presidente do STF, “a justiça não é ideal, é humana”, e “a lei é a linha divisória entre a moral e a barbárie”. Sem ela “não há paz social”.

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Cármen Lúcia aludiu à censura dos setores políticos diante de decisões judiciais adversas e considerou que “se pode ser favorável ou não a uma sentença e pode-se tentar modificar uma sentença”, mas enfatizou que “desprezo, agressão ou ataque contra a Justiça “são inaceitáveis “.

Nas últimas semanas, o setor judiciário foi alvo de críticas devido à sentença pronunciada por um tribunal de segunda instância, que ampliou de nove e meio para doze anos e um mês uma sentença proferida contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por suposta prática de corrupção.

Lula da Silva e o Partido dos Trabalhadores, que o ex-presidente fundou em 1980 e quer representar como candidato nas presidenciais do Brasil que acontecem em outubro próximo, consideram-se “perseguidos” pela Justiça, que acusam de se prestar aos interesses de uma “elite” que está a tentar impedi-los de voltar ao poder.