“Loveless — Sem Amor”

Um miúdo de 12 anos, filho de um casal da classe média em processo de divórcio belicoso. O pai e a mãe não param de se hostilizar um ao outro, só pensam neles e nos amantes que entretanto arranjaram. O rapaz sente-se invisível, sem amor, sem carinho e sem ter quem lhe dê atenção e, um belo dia, desaparece. Não fosse passado na Rússia e realizado por Andrei Zvyagintsev, e “Loveless — Sem Amor” seria mais um banal drama da modalidade “cenas de um divórcio”. Mas como o autor de “Elena” e “Leviatã” é um dos mais destacados críticos e cépticos da Rússia de Putin, o filme é uma história de desamor familiar que serve de caixa de ressonância para aquilo que Zvyagintsev entende ser a crise social, das instituições, moral e espiritual que aflige o seu país, e que a frigidez do estilo visual com que ele conta a história também espelha. Ganhou o Prémio do Júri em Cannes e é candidato ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro.

“A Forma da Água”

Vencedor do Festival de Veneza e candidato a 13 Óscares, este filme de Benicio del Toro é uma homenagem a “O Monstro da Lagoa Negra”, de Jack Arnold (1954) e uma subversão tipicamente contemporãnea dos “monster movies” clássicos. A história passa-se em 1962. A muda e tímida Elisa (Sally Hawkins) é empregada de limpeza num laboratório ultra-secreto para onde foi trazida pelo brutal coronel Strickland (Michael Shannon), uma criatura anfíbia capturada no Amazonas, que o governo americano quer utilizar contra a URSS, que por sua vez ali infiltrou um espião para sabotar as pesquisas. Elisa, às escondidas, começa a entender-se com o monstro, que afinal é bonzinho, e quando percebe que o seu amigo anfíbio não vai ter bom fim, decide passar à acção. “A Forma da Água” foi escolhido com um dos dois filmes da semana pelo Observador, e pode ler a crítica aqui.

“Linha Fantasma”

Naquele que deverá ser o seu último filme, realizado por Paul Thomas Anderson, Daniel Day-Lewis interpreta Reynolds Woodcock, um genial e excêntrico costureiro da alta sociedade da Londres dos anos 50, que vive com a irmã solteirona, Cyril (Lesley Manville) no edifício da luxuosa e exclusiva casa de moda que gerem e de que são os únicos sócios. Um dia, Reynolds aparece com Alma (Vicky Krieps), a sua nova namorada, modelo e funcionária, que vai acabar por lhe perturbar a existência de criador exigentíssimo, misantropo e birrento, e a sua férrea rotina criativa, doméstica e emocional, bem como lutar com Cyril não só pelo coração do irmão, como também pelo poder doméstico e profissional. Nomeado para seis Óscares, “Linha Fantasma”, foi escolhido como um dos dois filmes da semana pelo Observador, e pode ler a crítica aqui.

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