Três anos depois da libertação do primeiro casal de linces ibéricos em Mértola, Beja, o Instituto da Conservação da Natureza considera o balanço positivo, mas destaca que a estabilização da população só será conseguida a médio prazo.

Em comunicado, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) adianta que até 2017 foram libertados 27 animais, tendo sido tecnicamente iniciado o processo de reintrodução da espécie.

Nestes anos, nasceram 16 crias no Vale do Guadiana, refere o Instituto, que anuncia que em 2018 serão libertados mais seis animais.

De acordo com o ICNF, dos linces reintroduzidos, uma fêmea morreu em março de 2015 envenenada, e outra em 2016 com uma doença infeciosa de felinos. Já em 2017, morreu o primeiro macho jovem atropelado e a coleira emissora de uma terceira fêmea apareceu cortada a sul da área de reintrodução, ainda que o corpo do animal nunca tenha chegado a ser encontrado.

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“Em nenhum dos processos em que houve investigação judicial se chegou a conclusão sobre as autorias dos atos ilegais, mas a mortalidade, no conjunto dos três anos, é considerada baixa”, é indicado.

Quanto ao balanço da reprodução dos animais, o ICNF diz que é “bastante positivo, tendo em conta que os animais quando são libertados, têm cerca de um ano de idade, sendo ainda imaturos”.

O ICNF revela também que já nasceram 16 crias no Vale do Guadiana e através de monitorização de câmara fotográficas há informação de que se encontram saudáveis e independentes.

“Há ainda a assinalar a presença de dois linces que dispersaram da área de Doñana até ao vale do Guadiana, comprovando a conexão efetiva com Espanha”, adianta o ICNF, acrescentando que “atualmente os territórios destes animais abrangem cerca de 125 quilómetros e distribuem-se em três concelhos: Mértola, Serpa e Castro Verde, no distrito de Beja”.

O ICNF assinala também que o sucesso da reintrodução do lince está ligado à elevada abundância de coelho-bravo naquela área.

Para este sucesso, segundo o Instituto, contribuiu também o projeto “Recuperação Histórica do lince Ibérico em Espanha e Portugal”, cofinanciado pela Comissão europeia e que reúne 22 parceiros, dos quais cinco são portugueses: ICNF, Associação Iberlinx, EDIA, Infraestruturas de Portugal e Câmara Municipal de Moura e que tem permitido levar a cabo ações de maneio do habitat.

O ICNF adianta também que está prevista este ano a libertação de seis animais para reforçar a população do Vale do Guadiana, sendo que um dos machos, denominado Oregão, foi libertado a 23 de janeiro.

A 16 de dezembro de 2014 dois linces, uma fêmea e um macho de nomes Jacarandá e Katmandú, foram transportados até Mértola onde, num evento público, foram libertados num cercado de adaptação.

“Este cercado permitiu aos dois animais aclimatarem-se e estabelecerem uma relação entre si (…). No entanto, foi apenas a 2 de fevereiro de 2015 que as portas do cercado foram abertas e os animais puderam sair para o meio natural, vindo a estabelecer território nas imediações”, é referido.

O ICNF salienta ainda que “o risco de extinção do lince-ibérico é hoje considerado, globalmente, menor e a União Internacional para a Conservação da natureza reavaliou, em 2015, o estatuto da espécie classificando-a como “em perigo”.