Podem ter sido mais de 60 os militares da Marinha norte-americana a cair na teia de Leonard Glenn Francis — Leonard, o Gordo, ou a Lenda, como era conhecido entre os militares que se sentaram à mesa nos jantares principescos e participaram nos bacanais permanentes, tudo financiado pelo empresário. É o maior escândalo a envolver militares da Marinha dos EUA.

Os pormenores da história foram revelados pelo Washington Post. A fonte que alimentava todos os encontros e luxos concedidos aos militares estava em Singapura, onde Leonard G. Francis tinha instalado a sede da sua empresa. A maior área de negócios de Francis era precisamente a Marinha e, por isso, o empresário dedicou-se a tecer laços de maior proximidade com os mais altos responsáveis daquele ramo.

Como? Pagando noites de diversão e sexo, numa teia que começou a ser montada a partir do USS Bue Ridge, um ex-líbris da Marinha norte-americana que controla a atividade da Ásia e do Pacífico e a que estão ligados 70 embarcações, 300 aviões e cerca de 40 mil militares. Um universo com demasiado potencial de negócio para que o empresário deixasse escapar a oportunidade. Contando apenas com os oficiais com que Francis se relacionava, a investigação reuniu provas da organização de mais de 45 orgias e mais de um milhão de dólares em bebidas, jantares, entradas em concertos, charutos, fatos, relógios de alta gama, etc., etc., etc.

“Aquilo era uma loucura, não parávamos de beber”, terá admitido um dos oficiais envolvidos, citado pelo diário norte-americano. Em alguns casos, as saídas prolongavam-se por dois dias, e o método seguido era sempre o mesmo. Quando o navio atracava, os oficiais tinham à sua espera a boleia que os levaria aos melhores hotéis e restaurantes. Depois, entravam em cena aquilo que o empresário chamava de “corpos especiais operacionais” — prostitutas e strippers dos mais variados pontos do globo.

O que importava era manter os convidados entretidos. Em troca, os oficiais alteravam rotas dos navios para fazer coincidir as suas paragens com pontos onde fossem as empresas de Leonard Glenn Francis a tratar da manutenção. Quando o navio não ia ao porto de Francis, os militares tratavam de fazer-lhe chegar o próximo ponto de paragem para que o empresário estivesse a postos e garantisse mais um negócio.

As empresas de Leonar Francis tornaram-se de tal forma dedicadas a gerir tudo o que tivesse que ver com o USS Blue Ridge que o recurso aos seus serviços chamaram a atenção das autoridades. A investigação começou em 2010 e, três anos depois, o empresário era detido, para confessar pouco depois todo o esquema que tinha montado. Pode enfrentar 25 anos de prisão. Entre os militares, cerca de 30 já se declararam culpados. Mas a investigação pode chegar aos 60 envolvidos na teia de Francis.

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