O líder parlamentar do PCP, João Oliveira, defendeu a criação de linhas de apoio direto aos agricultores para a construção de pequenas barragens, considerando as medidas do Governo contra a seca “muito aquém das necessidades”.

“Uma das medidas que devia ser considerada prioritária, de resto à semelhança daquilo que aconteceu na seca de 2002, é a criação linhas de apoio direto, não de linhas de crédito, aos agricultores para a construção de pequenas barragens”, afirmou.

Segundo João Oliveira, a construção de pequenas barragens permitiria “reter à superfície a água da pouca chuva que cai, pelo menos, para o abeberamento do gado e rega de culturas que ainda possam ser salvas”.

O presidente da bancada comunista falava aos jornalistas à margem do debate “A seca na região Alentejo – consequências e caminhos”, realizado na Universidade de Évora, por iniciativa da Direção Regional do Alentejo do PCP.

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João Oliveira, que participou como orador, disse que um dos problemas relatados pelos agricultores “é a incapacidade de reter a pouca chuva que cai”, porque, muitas vezes, “a terra já não está em condições de a absorver e a água escoa em direção ao mar”.

A construção de barragens, realçou, permitiria “não apenas minorar alguns dos problemas que estão já criados” aos agricultores, como também constituir “uma resposta que pudesse aproveitar a pouca água que venha a cair nos próximos meses”.

Questionado pela Lusa sobre a eficácia das medidas já anunciadas pelo Governo, o deputado do PCP eleito por Évora considerou que “são respostas que ficam muito aquém das necessidades, nomeadamente na resposta imediata aos produtores e criadores de gado”.

“Apesar do anúncio que o Governo foi fazendo de medidas, a verdade é que as medidas que têm sido tomadas não foram suficientes”, defendeu, referindo que “antecipações de ajudas sempre se fez e não é nada de extraordinário em ano de seca”.

João Oliveira deu como exemplo agricultores de Montemor-o-Novo, no distrito de Évora, que “esgotaram em dezembro passado” as reservas de alimentação para o gado que tinham para dois anos, sublinhando que “não são com as medidas que o Governo tem anunciado que se consegue recuperar esta situação”.

“São precisas medidas mais adequadas e isso exige abertura do ponto de vista orçamental”, avisou o deputado comunista, lembrando que o PCP já apresentou iniciativas parlamentares sobre esta matéria.

Na sessão, o presidente da Câmara de Évora, o comunista Carlos Pinto de Sá, revelou que são necessários 80 milhões de euros para renovar a rede de abastecimento de água em baixa que está sob gestão dos 14 municípios do distrito para reduzir as perdas.

“É um valor muito significativo que os orçamentos municipais nem do distrito de Évora, nem de outro distrito qualquer, têm capacidade para suportar”, frisou, indicando que será necessário “recorrer a financiamento externo aos municípios”.

O autarca notou que existem “poucas verbas” no programa Portugal 2020 para alguns projetos nesta área, lamentando que o governo anterior PSD/CDS-PP e o atual do PS procurem “pressionar os municípios para entregarem as redes em baixa a gestão não municipal”.