Um ano depois da reabertura, o Cinema Trindade continua a ser o “único cinema de rua” do Porto com sessões diárias e a ideia “romântica” levou o espaço a contabilizar cerca de 50 mil espectadores.

O balanço foi feito à Lusa por Américo Santos, fundador da Nitrato Filmes e responsável pelo Cinema Trindade, que a 05 de fevereiro de 2017, após quase duas décadas de inatividade, reabriu as portas no centro do Porto, com duas salas (de 169 e 183 lugares) e quatro sessões diárias em cada, todos os dias da semana.

“Reabrir um cinema de rua parecia uma aventura, uma ideia demasiado romântica, mas tem sido surpreendente. Os portuenses agarraram a sala. Abriu no momento certo, numa altura de um grande movimento cultural e turístico na cidade”, observou Américo Santos.

Para o futuro do espaço que remonta a 1913 (foi inaugurado como Salão Jardim e incluía sala de espetáculos com cinema, salão de festas, café, bilhares e terraço), Américo Santos tem em mente “manter a dinâmica” criada por uma agenda que cruza a programação regular e “uma programação temática, mais criativa”.

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“Esse cruzamento tem-se revelado uma mais-valia”, vincou.

A intenção é, por isso, “tentar manter a regularidade”.

A nova vida do Cinema Trindade começa este domingo

“Manter é a grande dificuldade das salas de cinema. É sempre muito perigoso cair no conformismo. Mas sentimos uma adesão muito grande dos portuenses. O Trindade não é uma sala qualquer e abriu no momento certo”, observou.

Quanto ao financiamento do projeto, Américo Santos destaca o “apoio à exibição do Instituto do Cinema” e assegura que a sala “tem atualmente um funcionamento sustentável”.

No imediato, a aposta vai para o “programa especial” que tem quase o perfil de festival de cinema” pensado para assinalar o primeiro aniversário do regresso do Trindade.

A festa arranca na segunda-feira e continua até 16 de fevereiro, dia em que passa um ano do arranque da programação regular do Trindade.

Uma antestreia diária é a promessa de Américo Santos para estes dias de festa.

Da agenda fazem parte filmes como “Olhares Lugares”, de Agnès Varda & JR (segunda-feira, 21:45), “Human Flow – Refugiados”, de Ai Weiwei (terça, 21:30), e “Amor Amor”, de Jorge Cramez (quarta às 21:45).

Na quinta e na sexta-feira, é a vez de “Radio Dreams”, de Babak Jalali, e de “The Florida Project”, de Sean Baker.

“Um Monstro de Mil Cabelas”, de Rodrigo Plá, é projetado no sábado, dia 10, e no domingo, dia 11, o Trindade recebe “Manifesto”, de Julian Rosefeldt.

Seguem-se, sempre às 21:45, “As Acácias”, de Pablo Giorgelli (dia 12), “Ramiro”, de Manuel Mozos (dia 13), “Love Me Not”, de Alexandros Avranas (dia 14), “The Third Murder”, de Hirokazu Kore-eda (dia 15), e “Downsizing – Pequena Grande Vida”, de Alexander Payne (dia 16).

Da programação de aniversário fazem ainda parte um país convidado (Brasil) e “em foco” vai estar o realizador Carlos Nader, que vai ter algumas das suas obras projetadas na tela do Trindade: “Beijoqueiro: Portrait of a Serial Kisser” (dia 10 às 15:00), “Chelpa Ferro” (dia 11, 16:20) e “Pan-Cinema Permanente” (dia 11, 20:00).

O “Cinema de Portugal” também vai estar em destaque, com filmes como “O Dia em que as Cartas Pararam”, de Cláudia Clemente, no sábado, dia 10, às 16:10.