A Comissão Europeia prepara-se para abrir a porta de entrada a vários países dos Balcãs Ocidentais, a maior parte da antiga Jugoslávia, que estejam interessados a entrar na União Europeia (UE). Porém, em troca dessa ajuda, Bruxelas planeia deixar bem claro qual é a rota a percorrer até uma possível adesão de dois daqueles países à comunidade europeia, prevista para 2025.

Em causa está a possível entrada de dois entre seis países — Albânia, Bósnia e Herzegovina, Kosovo, Macedónia, Montenegro e Sérvia —, que vão ser objeto de um investimento de 1,07 mil milhões de euros durante o ano de 2018 por parte da Comissão Europeia, de acordo com o Politico.

Em setembro de 2017, Juncker disse que era preciso alargar a UE aos Balcãs Ocidentais para conseguir  mais “estabilidade da nossa vizinhança”

No documento obtido por aquele jornal, onde é traçada a estratégia de alargamento da UE nos Balcãs, são sublinhados os vários requisitos a preencher antes de uma hipotética entrada. “Entrar na UE é muito mais do que um processo técnico. É uma escolha geracional, com base em valores fundamentais, que cada país tem de acolher de forma mais ativa, desde as suas políticas internacionais e regionais até à maneira como ensinam as crianças nas escolas”, lê-se naquele documento, que será apresentado esta terça-feira pela Alta Representante da UE para Política Externa e Segurança, Federica Mogherini.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Nesse documento, lê-se que estes países “demonstram provas claras de domínio estatal, incluindo ligações ao crime organizado e a corrupção em todos os níveis de governo e administração, bem como um forte emaranhamento entre interesses públicos e privados”. Além disso, a Comissão Europeia diz também que nenhum destes países “pode ser considerado como uma economia de mercado funcional”.

A integração dos Balcãs Ocidentais — dos quais fazem parte a Albânia e os países que formavam a Jugoslávia, ou seja, Bósnia e Herzegovina, Kosovo, Macedónia, Montenegro e Sérvia — tem sido um processo lento e demorado e, não obstante a declaração de abertura da Comissão Europeia àquela região logo em 2003, com alguns revés. No caso da Sérvia, o maior país do bloco, a possível adesão à UE é uma questão central no debate político nacional, que se divide entre uma aproximação a Bruxelas ou a Moscovo.

No total da região dos Balcãs, apenas cinco países pertencem à união de 27 países: Grécia (entrou em 1981), Eslovénia (2004), Bulgária e Roménia (2007) e Croácia (2013).

Apesar deste desafios, a Comissão Europeia tem sublinhado a sua intenção de alargar fronteiras nos Balcãs. No seu último discurso do Estado da União, a setembro de 2017, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, falou numa abertura a médio-prazo. “Se quisermos ter mais estabilidade da nossa vizinhança, devemos igualmente continuar a das perspetivas de alargamento credíveis aos Balcãs Ocidentais”, disse. “É certo que não haverá qualquer novo alargamento durante o mandato da atual Comissão e deste Parlamento, dado nenhum dos candidatos preencher todas as condições”, explicou o luxemburguês, acrescentado ainda que estava “excluída a possibilidade de a Turquia aderir à UE num futuro possível”.