Depois de semanas de negociações, já existe acordo para formar Governo na Alemanha. A União – a CDU de Angela Merkel e a CSU – e o SPD de Martin Schulz terminaram as conversações durante a madrugada desta quarta-feira.

Segundo o Spiegel Online, a informação foi dada por fontes que estiveram presentes nas negociações e o SPD terá ficado com a pasta das Finanças, dos Negócios Estrangeiros e do Trabalho. A CSU, por sua vez, controla o Ministério do Interior e mantém os Transportes e a Ajuda ao Desenvolvimento.

As conversações entre a União e o SPD deveriam ter terminado no domingo: segunda e terça-feira foram estabelecidos como dias de reserva. Ainda assim, o Spiegel Online avança que nenhuma das principais exigências do partido de Martin Schulz foi atendida e também não existiu nenhum acordo sobre as questões da saúde e do mercado de trabalho.

O atual ministro das Finanças e chefe de gabinete da chanceler, Peter Altmaier, foi o primeiro a reagir, ao abandonar a última ronda de negociações, e afirmou que existe “um acordo de coligação”, acrescentando que negociaram “longa e duramente nas últimas horas”.

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A chanceler alemã, Angela Merkel, congratulou-se com o acordo, que considera ser a base para um governo “estável e bom” para a Alemanha.

“Estou convencida de que este pacto de coligação […] é a base do governo estável e bom de que o nosso país precisa e que muitos no mundo esperam de nós”, disse a chanceler e líder da CDU numa conferência de imprensa.

Martin Schulz, anunciou uma “mudança de rumo” na política europeia. “Penso que conseguimos algo que será um novo acordar para a Europa e uma nova dinâmica para a Alemanha”, disse Schulz na conferência de imprensa conjunta com Merkel. O pacto é “o fundamento” para uma nova política europeia, que será expressa num “apoio tácito” à “linha do governo francês” para “reformar a Europa e as suas instituições”, acrescentou.

Schulz orientou todo o processo de negociações de uma nova “grande coligação” para a necessidade de apoiar a proposta de reforma da União Europeia apresentada em setembro pelo presidente francês, Emmanuel Macron, com quem, disse, se manteve sempre em contacto.

Já o líder do grupo parlamentar da CSU, Alexander Dobrindt, manifestou alívio com a conclusão do acordo, afirmando que era altura de “sair das trincheiras” e que os três partidos o fizeram “com êxito”.

“Estava na altura de termos a perspetiva de um Governo na Alemanha”, disse Dobrindt a jornalistas. “Portanto, é um bom dia”, declarou.

O acordo entre os três partidos – que forma a “Grande Coligação” – vai agora ser sujeito a um referendo dentro do SPD, em que os 460.000 sociais-democratas vão decidir se aprovam ou não o documento. Caso a decisão final, que deve acontecer daqui a três semanas, seja afirmativa, Angela Merkel pode começar o seu quarto mandato como chanceler alemã por altura da Páscoa.

Mas a aprovação do documento com 14 capítulos e 167 páginas não vai ser simples: a campanha interna contra a coligação, liderada pelo presidente da juventude do SPD, tem sido intensa.

O período de impasse político na Alemanha – as eleições para o Bundestag foram no dia 24 de setembro de 2017 – foi o mais longo espaço de tempo sem Governo a que o país assistiu desde a Segunda Guerra Mundial.