O presidente dos Estados Unidos pediu ao Pentágono para organizar uma parada militar em Washington, à semelhança daquela que viu este verão em França, ao lado do presidente Emmanuel Macron.
Segundo o jornal Washington Post, Donald Trump já se reuniu, no passado dia 18 de janeiro, com altos cargos ligados à Defesa, incluindo Jim Mattis, Secretário da Defesa dos EUA para dar início ao processo. “As ordens foram: ‘eu quero uma parada como a de França’. Isto está a ser trabalhado ao mais alto nível nas forças armadas”, afirmou um militar, que não se quis identificar, ao jornal norte-americano.
Trump já tinha dado a entender publicamente que gostaria de replicar em terras americanas a parada do Dia da Bastilha que viu em França. “Foi uma das melhores paradas que alguma vez vi”, disse o presidente dos EUA aos jornalistas, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro de 2017. “Muito por causa daquilo a que assisti, talvez façamos algo semelhante no 4 de julho em Washington.”
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A Casa Branca confirmou a notícia. “O Presidente Trump apoia muito as forças armadas norte-americanas que arriscam as suas vidas todos os dias para manterem o nosso país a salvo. Ele pediu ao Departamento da Defesa para explorar uma celebração em que todos os americanos pudessem mostrar o seu apreço”, disse a porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders. Também o porta-voz do Departamento da Defesa, Thomas Crosson, confirmou que já deram início ao processo e que estão a “determinar detalhes específicos”.
Esta ideia de Donald Trump, contudo, já provocou algumas reacções negativas. Richard Painter, que foi chefe do Conselho de Ética da Casa Branca durante a administração de George W. Bush, recordou as paradas da Coreia do Norte e da Rússia. “Ótimo. Tal como na Coreia do Norte e na Rússia. Mas o que fazemos em relação àqueles traidores que não aplaudem o discurso do nosso Querido Líder?”, lê-se no tweet de Painter, numa alusão às críticas que Trump fez aos democratas que não aplaudiram o seu discurso do Estado da União.
Cool. Just like in North Korea and Russia. But what do we do about those traitors who don’t clap during our Dear Leader’s speech?
Pentagon planning grand military parade for Trump https://t.co/gngRRsB9ny
— Richard W. Painter (@RWPUSA) February 7, 2018
Também o general reformado Paul Eaton, consultor do VoteVets, uma organização ligada aos militares veteranos, considerou que esta parada não servirá para “saudar os militares”, mas sim para os “militares o saudarem”. “Donald Trump tem vindo a demonstrar que tem tendências autoritárias, e isto é apenas mais um exemplo preocupante.”
Retired Major General Paul Eaton says @realDonaldTrump's parade idea underscores his authoritarian tendencies, and that our military is not there to be "used and abused" to prop up his image.
VoteVets full statement on Trump's orders for a military parade. pic.twitter.com/Am7uSSWZfo
— VoteVets (@votevets) February 7, 2018
Mas há outra questão que se levanta com esta parada. Transportar equipamentos militares para Washington poderá custar milhões de dólares e os militares ainda não sabem como irão pagar estas despesas.
A verdade é que, atualmente, os planos ainda estão numa fase muito inicial e ainda pouco está decidido. Estão várias datas em cima da mesa: 28 de maio, o Memorial Day — que presta homenagem aos militares que morreram em combate –, e o 4 de julho, Dia da Independência, foram as datas propostas por membros do governo. O Pentágono, porém, prefere o 11 de novembro, já que este ano se celebra os 100 anos do fim da I Guerra Mundial, fazendo com que se trate de uma data menos associada à presidência e às suas políticas, explica o Washington Post.
O que também ainda falta decidir é o papel de Trump na parada — se irá participar ou se ficará meramente a assistir — e o percurso que irão fazer os militares. O presidente dos EUA já disse que gostaria que fosse na Pennsylvania Avenue, que liga o Capitólio à Casa Branca — o mesmo trajeto que fez na tomada de posse e que passa pelo Trump International Hotel.