A Direção-geral da Saúde (DGS) garante que está a ser feita uma avaliação de risco na zona de Paio Pires, Seixal, junto à Siderurgia Nacional, e adianta que tomará medidas para que a população seja devidamente esclarecida.

Em entrevista à agência Lusa, a diretora-geral da Saúde, no cargo há menos de dois meses, comentava assim o movimento de cidadãos ‘Os Contaminados’, criado no concelho do Seixal, que já apresentou uma queixa na União Europeia a denunciar problemas ambientais relacionados com a Siderurgia Nacional e a apelar à intervenção internacional para a sua resolução.

Graça Freitas indicou que a “avaliação prévia do risco” está a ser feita, estando o assunto nas mãos do delegado de saúde da região de Lisboa e Vale do Tejo. Contudo, a responsável admitiu que o assunto pode vir a ser “um problema considerado suficientemente grande” para passar para a responsabilidade do nível nacional do dispositivo de saúde pública.

Segundo explicou, tem de ser feita uma avaliação de risco que envolve perceber que tipo de poluentes estão em causa, qual a população exposta e quais as consequências. “É preciso saber exatamente que partículas são e depois perceber como têm impacto na saúde das pessoas”, disse, indicando que esse trabalho está a ser feito em conjunto com a Agência Portuguesa do Ambiente.

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Contudo, Graça Freitas lembra que a perceção da população sobre a poluição “pode estar ou não sobredimensionada”. Indicando que não desvaloriza o caso, a diretora-geral da Saúde argumenta ainda que, se já tivesse sido encontrada uma situação “francamente gravosa”, se teriam tomado medidas para suspender o problema.

“Também estou certa de que se tivesse sido encontrado um poluente altamente nocivo para a saúde humana, teriam de ter sido tomadas as medidas necessárias. Não sei concretamente a situação. Falei há uma semana com o meu colega de Lisboa e Vale do Tejo a quem foi entregue o dossier e sei que está a ser feita a avaliação do risco, mas creio que se tivesse sido encontrada uma situação francamente gravosa teria sido suspensa”, afirmou.

Graça Freitas considera que “as pessoas têm o direito de ser esclarecidas e de colocar dúvidas ou perguntas”.

“Tomarei as medidas necessárias para que as pessoas vão sendo informadas, pelo menos através do departamento de saúde pública (…). E de que serão esclarecidas”, assegurou, adiantando que é preciso prestar contas à população, até porque a tranquilidade das pessoas faz parte da sua saúde e bem-estar.

Na petição enviada a Bruxelas, o movimento “Os Contaminados” explica que “são inúmeras as queixas apresentadas pelos habitantes da Aldeia de Paio Pires, concelho do Seixal, sobre os efeitos nefastos da laboração da Siderurgia Nacional”.

O movimento pede que seja realizada, com a máxima urgência, uma avaliação dos impactos resultantes da poluição atmosférica e sonora produzida pela empresa siderúrgica SN-Seixal, SA, na saúde da população residente na localidade de Aldeia de Paio Pires, bem como nas populações das localidades vizinhas, designadamente no concelho do Barreiro.

“São mais de 15 mil seres humanos obrigados a respirar um ar que ninguém ainda lhes garantiu ser respirável”, refere o movimento na queixa.