“Estas negociações estão atrasadíssimas, por milhas. Mas não me culpem a mim. Talvez tivéssemos tido mais tempo para negociar, se a vossa primeira-ministra não tivesse desperdiçado dois meses com uma eleição. E, já agora, refresquem-me a memória: que resultado é que isso teve, para ela?“. O resultado que as eleições tiveram, em 2016, foi que Theresa May perdeu a maioria que tinha herdado de David Cameron. As frases saíram da boca do líder das negociações pelo lado europeu, Michel Barnier, e é ilustrativa do estado das relações entre os dois lados da negociação do Brexit.

Michel Barnier refutou, assim, qualquer responsabilidade no atraso nas negociações — falta pouco mais de um ano para a saída efetiva do Reino Unido da União Europeia. “Num espaço muito curto de tempo, teremos de avançar em três frentes”, afirmou o chefe das negociações europeias, acrescentando, aos jornalistas: “deixem-me recordar-vos que foi o governo britânico que decidiu qual seria a data da saída — 29 de março de 2019 — foi essa a sua decisão soberana”.

Ao lado de Barnier estava David Davis, o ministro do Brexit. Os dois tinham acabado de almoçar e as declarações aos jornalistas são citadas pelo The Daily Telegraph. Davis Davis proferiu frases básicas, que o Telegraph descreve como típicas de um treinador de futebol — “temos tido conversações muito construtivas. Estamos confiantes de que iremos conseguir ter um acordo político no Conselho Europeu de março”. Já Barnier, em contraste, fazia avisos concretos: “sem [o Reino Unido a pertencer à] união alfandegária, fora do Mercado Único, é inevitável que haja barreiras ao comércio de bens e serviços”.

Governo britânico admite atrasar acordo de saída da UE para negociar relações comerciais

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