O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, afirmou esta sexta-feira que Moçambique atravessa um período de reconciliação, apelando às Forças de Defesa e Segurança para não se preocuparem com conflitos entre moçambicanos.

“Estamos agora num momento em que a reconciliação é mais importante do que outra coisa possível e queremos que as nossas Forças de Defesa se concentrem na defesa do país de inimigos externos e não em ocupar tempo em conflitos entre os moçambicanos”, declarou Filipe Nyusi.

Nyusi falava durante uma cerimónia de saudação alusiva ao seu 59.º aniversário, um encontro que juntou quadros superiores das Forças de Defesa e Segurança, além do Conselho de Ministros na Presidência da República.

Para Nyusi, os consensos alcançados nas negociações de paz com o líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Afonso Dhlakama, não teriam sido possíveis sem a compreensão das Forças de Defesa e Segurança, que “perceberam que o povo moçambicano tem de viver em harmonia”.

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“Quando dissemos que não devíamos lutar entre nós, as Forças de Defesa acataram as orientações e colocaram-se n o seu lugar”, afirmou o chefe de Estado moçambicano. O país, acrescentou o Presidente moçambicano, enfrenta novas ameaças, consequência da globalização, e as Forças de Defesa tem a obrigação de proteger os moçambicanos destes “novos inimigos”, que não internos.

“Continuem firmes e claros na responsabilidade que têm com povo moçambicano, que é de proteger e ajudar”, concluiu o chefe de Estado moçambicano, lembrando que o seu executivo está a “fazer tudo que é possível” para que haja paz e estabilidade no país.

Nyusi anunciou na quarta-feira que vai remeter à Assembleia da República uma proposta de revisão pontual da Constituição após consensos alcançados nas negociações de paz com o líder da Renamo. A proposta de revisão prevê que os governadores das províncias e os administradores dos distritos deixem de ser indicados pelo poder central, para passarem a ser propostos pelas forças que vencerem as eleições nas respetivas assembleias provinciais e distritais.

Entre 2015 e 2016, o país voltou a ser palco de confrontos militares entre o braço armado da Renamoe as forças governamentais, depois da recusa do principal partido da oposição em aceitar a derrota nas eleições gerais de 2014, acusando o partido no poder, Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) de fraude no escrutínio. Em maio de 2017, o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, anunciou uma trégua por tempo indeterminado, na sequência de contactos que manteve com o Presidente moçambicano.