O Senado norte-americano aprovou esta madrugada a proposta orçamental necessária para pôr o Governo federal em funcionamento, acabando com um “shutdown” temporário, e reencaminhou-a para a Câmara dos Representantes.

A votação deste acordo orçamental fundamental foi feita depois de o encerramento parcial das instituições federais dos Estados Unidos ter entrado em vigor è meia noite (5h00 de Lisboa), após a suspensão do debate na quinta-feira à noite, no Senado.

Perante a oposição de um senador à proposta de lei, que permite o financiamento do Estado até 2019, a câmara alta do Congresso decidiu suspender a sessão e retomá-la às 00h01 de sexta-feira, para fazer uma nova votação antes de serem horas de os funcionários públicos federais iniciarem o seu dia de trabalho. Uma noite atribulada que obrigou os serviços do Congresso a encomendarem pizzas para distribuir entre os senadores.

Pizzas foram entregues no edifício do Capitólio, na antecipação de uma noite longa e atribulada.

O senador que esteve na origem do “shutdown” foi o republicano Rand Paul, um conhecido libertário do Kentucky, que pela posição que assumiu está a ser criticado pelos outros senadores republicanos. John Thune e Richard Shelby estiveram entre os senadores republicanos que acusaram Rand Paul de ter tomado esta posição para conquistar protagonismo.

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Mas o próprio diz que “alguém tem de tomar uma posição e lutar”. Rand Paul exigia que o líder da maioria republicana, Mitch McConnell, lhe concedesse um voto para reformular um acordo orçamental que inclui mais de 300 mil milhões de dólares em despesa federal nos próximos dois anos, que viria a passar. Não vendo satisfeito o pedido, Rand Paul bloqueou os trabalhos e levou a que, tecnicamente, os EUA tenham estado incapazes de fazer nova despesa pública.

Paul decidiu ir contra a maioria por defender que os republicanos estão a agir de forma “hipócrita”. “A hipocrisia é impressionante. Todos estes republicanos queixavam-se dos défices de Obama”, acusou Rand Paul.

É a segunda vez em três semanas que há uma paralisação parcial das instituições do Estado federal (“shutdown”) que, sem financiamento, não dispõe de dinheiro e tem de pôr “tecnicamente” no desemprego centenas de milhares de funcionários públicos, dos serviços fiscais aos parques nacionais.

A Administração Trump viveu o seu primeiro “shutdown” a 20 de janeiro deste ano – exatamente um ano após a investidura de Donald Trump como Presidente dos Estados Unidos -, por falta de acordo sobre o orçamento. Durou três dias.

Desta vez, depois da aprovação pelo Senado, o texto deverá agora ser votado na Câmara dos Representantes, onde também tem opositores, e terminar na Sala Oval, para promulgação pelo Presidente.

A paralisação poderá, portanto, ser de breve duração, mas é ilustrativa da polarização dos senadores e congressistas, depois de a proposta ter recebido o apoio dos líderes republicanos e democratas das duas câmaras parlamentares.