Trabalhadores da empresa concessionária da mina de Neves-Corvo, no concelho de Castro Verde (Beja), vão avançar para nova greve em março, a quarta desde outubro, revelou esta sexta-feira o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira (STIM). “Fomos mandatados pelos trabalhadores para entregar à administração um novo pré-aviso de greve, para os dias 5, 6 e 9 de março”, disse à agência Lusa Luís Cavaco, coordenador do STIM.

A decisão dos trabalhadores de convocar uma nova paralisação, indicou, foi tomada em plenários, na quarta e na quinta-feira, devido à “ausência de uma proposta palpável” da administração da Somincor, concessionária da mina de Neves-Corvo, para resolver o conflito laboral. “Até à data não temos nada de concreto da administração”, com exceção do “aumento de 35 euros que foi proposto e que os trabalhadores consideram que não resolve os problemas”, frisou Luís Cavaco.

Segundo o coordenador sindical, está marcada “uma reunião de conciliação” entre uma delegação do STIM e a administração da Somincor, detida pelo grupo Lundin Mining, para dia 16 deste mês, às 11:00, no Ministério do Trabalho, em Lisboa. “E a empresa tem ainda até 5 de março para tentar resolver isto, senão voltamos a fazer greve e em três dias intercalados”, avisou o sindicalista.

Contactada pela Lusa, a propósito deste novo pré-aviso de greve, fonte oficial da Somincor disse que a empresa, “neste momento, não tem qualquer comentário para fazer”.

A concretizar-se, esta vai ser a primeira greve deste ano dos trabalhadores da Somincor, mas a quarta desde outubro. Entre os meses de outubro e dezembro de 2017, os trabalhadores deste complexo mineiro fizeram três greves, as quais levaram a paragens na extração e na produção de minério em Neves-Corvo.

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O fim do regime de laboração contínua no fundo da mina é uma das principais reivindicações. Outras das exigências passam pela “humanização” dos horários de trabalho, antecipação da idade da reforma para os funcionários das lavarias, progressão nas carreiras, revogação das alterações unilaterais na política de prémios e “fim da pressão e da repressão”.

No final de janeiro, o STIM já tinha admitido a retoma da greve no complexo mineiro, por considerar insuficiente o “aumento de 35 euros” proposto pela administração da empresa para “o subsídio de horário de 4/4 (quatro dias de trabalho, quatro de descanso)”.

O grupo sueco-canadiano Lundin Mining, também em janeiro, anunciou o adiamento de obras do projeto de 260 milhões de euros para expandir a produção de zinco na mina de Neves-Corvo, devido às “perturbações laborais” e possíveis novas greves.

A Somincor, disse também o grupo, “continua a investir em projetos de prospeção e de desenvolvimento com vista à descoberta de novos depósitos de minério que possam vir a representar uma extensão” da vida da mina de Neves-Corvo além de 2029.