Noventa e quatro empresas portuguesas de calçado e artigos de pele participam de domingo a quarta-feira, em Milão, nas feiras internacionais Micam e Mipel, rumando ainda o setor, em fevereiro, a certames em Las Vegas, Londres e Paris.

Segundo a Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS), em Milão, Portugal registará “uma das maiores presenças de sempre num evento no exterior”, com 90 empresas de calçado — responsáveis por mais de 8.000 postos de trabalho e 500 milhões de euros de exportações – a marcarem presença na Micam e outras quatro a promoverem o “crescente setor” de artigos de pele na Mipel.

No domingo, o secretário de Estado Adjunto e do Comércio, Paulo Ferreira, visita a feira de Milão, em que Portugal voltará a ser a segunda maior delegação estrangeira, apenas superado pela Espanha.

Para além de Milão, em fevereiro também Las Vegas, Londres e Paris são “destinos obrigatórios” para as empresas portuguesas do setor do calçado que, “em pouco mais de 20 dias”, participarão numa dezena de certames profissionais no exterior.

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Segundo destaca a APICCAPS, estas presenças inserem-se na estratégia promocional definida com a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), e apoiada pelo Programa Compete 2020, para consolidar a posição relativa do calçado português nos mercados externos.

“Sensivelmente 200 empresas da fileira do calçado estão a participar, desde o início do ano, num megaprograma de promoção à escala internacional, que se traduzirá na presença em cerca de 60 dos mais prestigiados fóruns internacionais da especialidade”, destaca.

A promoção comercial externa é assumida como “a primeira das prioridades” para a indústria portuguesa de calçado, que coloca no exterior mais de 95% da sua produção.

“A presença na maior e mais prestigiada feira de calçado do mundo — a Micam – será uma vez mais da maior importância, prevendo-se um investimento global na ordem dos dois milhões de euros”, sustenta a associação.

“Ao todo mais de 1.600 expositores de aproximadamente 50 países e mais de 40 mil visitantes profissionais marcarão presença na feira de Milão”, acrescenta.

Apesar do “cenário internacional de grande complexidade” em 2017, que a APICCAPS diz ter sido um ano “particularmente exigente para as empresas de calçado”, as exportações bateram um recorde ao crescer 2,8% para 1.965 milhões de euros, sendo “o oitavo ano de crescimento do calçado português nos mercados internacionais”.

“Desde 2009 as vendas de calçado português no exterior aumentaram mais de 50%. Fruto de uma aposta sem precedentes nos mercados internacionais, Portugal passou a exportar mais 700 milhões de euros, alargando ainda a geografia das exportações a mais de 20 novos destinos”, recorda, avançando que o calçado português é atualmente comercializado em 152 países dos cinco continentes.

Para os próximos dois anos o setor português do calçado tem planeado um investimento de 31 milhões de euros em promoção externa, com duas centenas de empresas a participarem em mais de 110 ações promocionais no exterior.

A aposta será, por um lado, no reforço da presença em feiras e exposições de plataforma mundial, nomeadamente na Micam e na Expo Riva Schuh, ambas em Itália, e na Gallery, na Alemanha. Outra das linhas de ação será o investimento em ações “de forte cariz regional” em Berlim, Copenhaga, Madrid e Londres.

Paralelamente, as empresas de calçado iniciarão o processo de abordagem ao mercado norte-americano, o maior importador mundial de calçado e onde foi detetado “um potencial de crescimento muito significativo para a próxima década”: “Para os EUA e Canadá Portugal terá exportado em 2017 valores próximos dos 100 milhões de euros. Nos últimos cinco anos, as vendas para Canadá e EUA triplicaram”, refere a APICCAPS.

Adicionalmente, o setor desenvolverá ações de comunicação e imagem para “aumentar a notoriedade no plano internacional”, numa aposta que se alargará agora a outros subsetores da fileira, como o calçado de criança, calçado profissional, componentes para calçado e artigos de pele.

As empresas do setor beneficiarão ainda de apoios do Compete 2020 para a criação e valorização de marcas próprias, contratação de equipas técnicas especializadas no exterior, catálogos e campanhas, “com uma forte incidência no domínio digital (realização de campanhas de marketing digital e criação de sites e lojas de venda ‘online’)”.