Estava lá o guarda-redes André Sousa, que é hoje titular. Estava lá o ala Pedro Cary, que é hoje subcapitão. Estava lá Orlando Duarte, que é hoje treinador do FC Nikars e observador de adversários. Estava lá Jorge Braz, que é hoje selecionador principal. Estava lá Zé Luís, que é hoje membro da equipa técnica. Dez anos depois, de novo na Eslovénia, Portugal pode repetir a conquista de uma grande prova internacional do futsal. Dez anos depois, Portugal tem a lição estudada para ganhar o Europeu. E foi há dez anos que conquistou o Mundial Universitário.

Em Koper, a Seleção Universitária até terminou a fase de grupos no segundo lugar com uma vitória (Quirguistão, 4-0), um empate (Eslováquia, 1-1) e uma derrota (Ucrânia, 2-4), mas embalou a partir daí para o título após vencer o Brasil nos quartos de final (1-0), a Sérvia nas meias-finais (7-1) e a Ucrânia na final (5-1). André Sousa, que na altura representava o Instituto D. João V (e era treinado pelo seu atual técnico no Sporting, Nuno Dias) e estudava na Universidade de Coimbra, era o guarda-redes dessa equipa, enquanto o ala Pedro Cary, então jogador do Belenenses e estudante no INUAF – Instituto Superior Dom Afonso III, surgia como um dos principais destaques da equipa comandada por Orlando Duarte e que tinha como adjuntos Jorge Braz e Zé Luís.

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A título de curiosidade, faziam ainda parte desse conjunto Gonçalo Barão (Académica), Paulo Duarte (UTAD), Vítor Hugo (UTAD), João Mourão (Instituto D. João V), Bruno Cardoso (Sassoeiros), Ricardo Amílcar (Módicus), João Montenegro (Módicus), Tasaka (Módicus), João Pires (SL Olivais) e Diogo Santos (Sporting).

Pedro Cary volta a reencontrar a Espanha numa final do Europeu oito anos depois (DIRK WAEM/AFP/Getty Images)

Mas essa não foi a única participação de relevo de elementos que estão na atual Seleção Nacional de futsal em Mundiais Universitários: dois anos antes, em Poznan, o guarda-redes Bebé fazia parte da equipa que terminou a prova no sétimo lugar; em 2010, André Sousa esteve presente no conjunto que acabou a edição em Novi Sad na sétima posição; em 2012, André Sousa e Tiago Brito integraram a formação que conquistou a medalha de bronze da competição em Braga; e, em 2014, Tiago Brito e André Coelho, o “herói” da meia-final com a Rússia ao apontar dois golos, eram destaques da equipa que acabou o Mundial Universitário de Antequera no sexto lugar.

Curiosamente, Pedro Cary foi um dos jogadores portugueses que fez a antevisão da final do Europeu de futsal com a Espanha, este sábado, a partir das 19h45. “Temos um ambiente muito tranquilo desde Rio Maior, onde iniciamos os trabalhos. Portugal hoje é uma equipa competente, com qualidade e ciente das suas capacidades e responsabilidades. Vamos disputar uma final ibérica, frente a um adversário com muita qualidade habituado a estar nestes palcos e a vencer, mas estamos a fazer um trabalho excecional e é com todo o mérito que estamos aqui. Ninguém pensa em 2010. Estamos aqui apenas quatro jogadores que marcaram presença na Hungria e o grupo está renovado. São ambientes completamente distintos. Somos uma equipa muito mais madura, apesar da juventude, e estamos extremamente confiantes”, comentou o ala que, tal como João Matos, Bebé e André Sousa, fazia parte da equipa que perdeu em 2010 a única final do Campeonato da Europa disputada, frente à Espanha (4-2).

Portugal vence Rússia e está pela segunda vez na final do Europeu de futsal

Também Ricardinho, que falhou esse Europeu de 2010 por lesão, abordou a final contra uma equipa onde estão alguns dos seus companheiros de equipa, do Inter Movistar. “Vai ser um jogo fantástico. Para mim a Espanha é a melhor seleção do mundo, mesmo não tendo vencido o Mundial. Tem jogadores que jogam na melhor Liga do mundo e que estão habituados a este tipo de jogos, mas vão encontrar Portugal no seu melhor momento. Estamos todos com muita ambição, muita vontade e bem preparados para não sermos surpreendidos. É uma final e a Espanha não vai jogar sozinha. Vai jogar contra uma equipa cheia de carácter e vamos tentar repetir a vitória que uma vez conseguimos em Espanha e levar o troféu para Portugal”, destacou, também em declarações citadas pelo site oficial da Federação Portuguesa de Futebol.

Jorge Braz diz que seleção está motivada para vencer Espanha no Europeu de futsal

Por fim, Jorge Braz, selecionador nacional, relegou para segundo plano a questão histórica e estatística, preferindo focar o atual momento da equipa. “Viemos para este Europeu conscientes do percurso que queríamos percorrer e partimos para este jogo conscientes da etapa final deste percurso. Estamos motivados e a perceber muito bem o que queremos. Estamos preparados para terminar esses segundos finais dos 100 metros, com o pescoço esticado, para sermos os primeiros a cortar a meta. Não sentimos a estatística nem a história, vivemos muito do momento… O que conta é o presente, não nos podemos agarrar ao passado. Estamos muito bem, mas temos que concretizar isso”, disse no lançamento da segunda final de Portugal num Europeu de futsal.