Depois de uma receção emotiva no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, a seleção portuguesa de futsal seguiu para o Palácio de Belém. À porta da residência oficial do Presidente da República, uma pequena multidão aguardava a chegada dos novos heróis nacionais, marcada para as 15h. Uma vez lá dentro, Ricardinho, capitão da equipa eleito o melhor jogador e marcador do Europeu de futsal, foi o primeiro a falar. “Sou somente a cara deste grupo de trabalho, deste staff, que partiu para a Eslovénia para tentar fazer história”, começou por dizer. Marcelo Rebelo de Sousa respondeu que esta vitória “faz bem à auto-estima nacional”.

“O futebol já o tinha conseguido em 2016. Ficámos muito orgulhosos, mas tínhamos um sonho. Esse sonho tornou-se realidade. Dia 10 [de fevereiro] vai ficar para a história. O futsal conseguiu chegar ao céu”, disse Ricardinho, frisando que o futsal “também é desporto” e que os jogadores desta modalidade também merecem um lugar. “Começámos lá em baixo, hoje somos os senhores do futsal. Estamos muito orgulhosos de ser portugueses.”

Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), começou por chamar a atenção para o facto de, nos últimos anos, a FPF ter sido convidada várias vezes para estar presente no Palácio de Belém graças às várias vitórias alcançadas pelas seleções nacionais. Para o presidente, estes títulos são um forte indício de que a aposta da FPF na formação, nomeadamente no futsal, foi correta. Durante o curto discurso, Fernando Gomes garantiu ainda que a vitória deste sábado não vai diminuir a “nossa ambição” de conquistar mais títulos e de “elevar o nome de Portugal”.

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O ministro da Educação, que também esteve presente na cerimónia deste domingo, confessou ter praticado futsal na “meninice” num “enorme clube que se chama desporto escolar e também nos torneios associativos e municipais”. Por essa razão, Tiago Brandão Rodrigues confessou estar particularmente orgulhoso de ter estado com uma “grande equipa”. No Palácio de Belém, o ministro elogiou a “sagacidade, argúcia, astúcia e capacidade” da seleção, confessando que assistiu ao jogo de sábado e à forma como”o país vibrava de forma especial”. “Cada um de vocês foi reinventando, ao longo da última década, o futsal a nível mundial”, disse.

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Todos nos portugueses — e eu em particular — estou verdadeiramente orgulhoso ter estado aqui com esta grande equipa. Sou um português que ama o futsal e que hoje emocionado vos diz: muito obrigado”, terminou o ministro da Educação.

Ferro Rodrigues, que falou antes de Marcelo, sublinhou que Portugal está “a chegar àquela fase” em que ganha sempre “nos momentos decisivos”. Para o Presidente da Assembleia da República, isso deve-se não só a uma boa preparação técnica, tática e física, mas também “cultural” e “para a vitória”. “Isso não é qualquer grupo que consegue. Por isso, dou-vos os parabéns muito sentidamente e sinceramente”, afirmou, desejando que o “hábito de ganhar todos os anos qualquer coisa de importante se possa prolongar ja este ano com o mundial de futebol que aí vem” e que irá decorrer na Rússia.

“É bom que neste primeiro trimestre de 2018 pudéssemos ter esta alegria”

Marcelo Rebelo de Sousa, o último a discursar, começou por dar uma palavra de “reconhecimento, admiração e de gratidão” aos jogadores, explicando que a vitória da seleção de futsal tem um gosto especial devido aos momentos difíceis que os portugueses atravessaram em 2017. “O país viveu, ao longo do último ano, momentos de grande alegria. E uniu-se nesses momentos de grande alegria. Também viveu momentos de profunda tristeza, e também se uniu nesses momentos de grande tristeza. É bom que neste primeiro trimestre de 2018 pudéssemos ter esta alegria”, afirmou o Presidente da República, frisando, porém que esta “não é única alegria que Portugal tem”.

“Neste momento, há milhares de portugueses que estão a fazer tudo para que Portugal tenha outras alegrias, mas o vosso contributo é especial”, acrescentou, salientando que faz bem à “auto-estima de cada um de nós, à auto estima nacional”. “Agora que saímos de um período complicado na nossa vida coletiva, nem imaginam — nem imaginam! — [o quão importante é esta vitória]. E por isso também uma gratidão especial. De facto, é bom estar perante os melhores dos melhores”, disse o Presidente da República.

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Durante o discurso, Marcelo elogiou ainda a “capacidade de sonhar a vitória” da equipa, a união de todos os jogadores e equipa técnica e a humildade que, para o Presidente, permitiram que a seleção nacional vencesse a partida contra a Espanha e trouxesse para casa o título de campeão europeu. A humildade “não quer dizer falta de determinação nem falta de capacidade de sonhar”, explicou o Presidente.

“Humildade significa ganhar cada jogo a consciência e que cada jogo é um recomeço.” Marcelo Rebelo de Sousa fez ainda questão de falar no grande “rigor no trabalho” de toda a equipa.

“Existe muitas vezes a teoria de um talento, um génio só, chega para se chegar ao objetivo. O mundo está cheio de génios e de talentos que não chegaram a lado nenhum por falta de rigor no trabalho. E, no vosso caso, existiu muito, muito trabalho competente. E consistência — foi um percurso todo feito com consistência”.