O ministro dos Negócios Estrangeiros e uma das principais caras da campanha a favor do Brexit, Boris Johnson, fez um discurso esta quarta-feira onde procurou apaziguar os ânimos entre os dois lados desta questão, chegando até a dizer que não é por saírem da União Europeia que os britânicos vão deixar de poder  apanhar “voos baratuchos” para fazerem “despedidas de solteiro em cidades históricas”.

Vamos continuar, com a intensidade de sempre, a apanhar voos baratuchos para fazermos despedidas de solteiro em cidades históricas, conhecer pessoas interessantes, apaixonarmo-nos, lutar com um sorriso nos lábios com a dificuldade de aprender línguas europeias cujo declínio tem sido um reflexo paradoxal da União Europeia”, disse, num discurso na sede do think-tank londrino Policy Exchange.

Apesar de ter procurado falar num tom descontraído, como é seu hábito, o chefe da diplomacia britânica voltou a defender a solução do Brexit, cuja data de consumação está prevista para o final de março de 2019.

“Só retomando o controlo sobre as nossas leis é que as empresas e os empreendedores britânicos terão liberdade para inovar, sem o risco de terem de seguir uma diretiva qualquer de Bruxelas ou às vontades de um grupo de lobby qualquer, com o objetivo de apoiar um competidor do Reino Unido”, disse Boris Johnson, adepto de uma solução pós-Brexit em que o Reino Unido não esteja ligado à UE através de um tratado comercial.

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Em vez de centrar as relações comerciais britânicas na UE, Boris Johnson defende que o Reino Unido passe a olhar de forma mais ampla, para o resto do globo. “Num mercado global, em que trocamos produtos que nem sequer existiam há cinco anos, onde se podem servir mercados que há apenas 20 anos eram pobres, seria incrível se o Reino Unido continuasse amarrado às minudências de um bloco comercial regional”, disse.

Boris Johnson também falou das fronteiras do Reino Unido e da imigração, que foi um dos temas mais falados no referendo de junho de 2016 onde o “Leave” venceu com 51,89% dos votos.

Vamos voltar a controlar as nossas fronteiras, [mas] não porque eu possa ser hostil a imigrantes e à imigração. Longe disso. Nós precisamos que venham pessoas talentosas que queiram fazer as suas vidas neste país. Médicos, cientistas, coders e programadores que são cruciais para a crescente economia tecnológica britânica”, disse.

Por oposição aos imigrantes com formação académica, Boris Johnson falou da imigração de pessoas “menos qualificadas, com salários baixos”, referindo que “muitos vêm [neles] a consequente supressão de salários e a incapacidade de investir corretamente nas capacidades de jovens” nascidos no Reino Unido. Boris Johnson rejeitou ainda a realização de um segundo referendo Brexit, referindo que isso representaria “mais um ano de disputas, inquietação e discussões do qual o país inteiro sairia a perder”.