O presidente do PSD-Madeira não concorda com o princípio admitido na campanha interna por Rui Rio de auxiliar um governo minoritário do PS, se o seu partido perder as próximas legislativas. Para Miguel Albuquerque, “é fundamental afrontar o poder instituído do PS, afrontá-lo sem medo”. “Os acordos são exceções em política“, refere o presidente do Governo Regional da Madeira que defende que o PSD não os deve fazer.

Nas vésperas do congresso social democrata, que se realiza este fim-de-semana, Miguel Albuquerque deu uma entrevista à TSF onde se distancia da linha política definida pelo próximo líder do partido. Na campanha interna, Rui Rio admitiu viabilizar um governo minoritário do PS e Miguel Albuquerque considera que esse “não é um bom princípio”. “A primeira coisa que temos de ter é a noção de ganhar as eleições, a perspetiva posterior, acho que é estarmos a dar algum conforto, alguma liberdade negocial ao próprio PS antes das eleições”, defendeu.

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Nas eleições diretas, Albuquerque (forte apoiaste de Pedro Passos Coelho até aqui) não declarou apoio oficial a nenhum dos candidatamos, mantendo uma neutralidade que não diluiu completamente no dia seguinte às eleições. Apesar de reconhecer a presidência de Rui Rio, mantém algumas críticas ao seu discurso e a fasquia elevada, esperando ver “uma oposição e que se apresente como alternativa a esta maioria de esquerda que está a governar o país e que o PSD assuma uma posição, não como complemento ou bengala de uma eventual solução de governo de esquerdas em Portugal, mas como verdadeira alternativa”.

Aliás, o líder do PSD-Madeira usa mesmo a palavra “afrontar” quando fala na tarefa que o futuro líder do PSD tem pela frente: “É fundamental afrontar o poder instituído do Partido Socialista, afrontá-lo sem medo“. E logo a seguir acrescenta que “quem vai para a política não tem de fazer acordos, os acordos são exceções em política. Há áreas que devem ser consensualizadas, aliás, uma delas é o Pacto para a Justiça que o senhor Presidente da República defendeu e continua a defender, e bem, mas nós não temos de ter nenhum problema em afrontar”.

Albuquerque também aconselha a alguma renovação dentro do partido, defendendo que o PSD “precisa de novos quadros, de um pessoal político rejuvenescido para fazer uma oposição acutilante”, mas também diz que não são precisos “técnicos muito bons que não percebem nada de política nem sabem comunicar. Temos de ter pessoas que tenham um discurso anglo-saxónico e objetivo, curto e incisivo e que ponham o dedo na ferida, onde é preciso pôr”.

O líder do PSD-Madeira estará no congresso do PSD que se realiza esta sexta, sábado e domingo, em Lisboa, e onde vai ser confirmada formalmente a liderança de Rui Rio.