“Não se pode agradar a todos” é um ditado popular que assenta como uma luva à Lexus, a divisão de carros de luxo da Toyota, que durante anos cativou os condutores americanos com veículos algo enfadonhos no estilo, mas exemplares na qualidade e fiabilidade. Agora que a marca finalmente começou a apostar num estilo mais arrojado, até para apelar a uma clientela mais jovem e exigente – além de tentar atrair os europeus, mais sofisticados nesta matéria – tem os seus clientes mais tradicionais, e menos novos, furiosos com a opção.

Em abono da verdade, a Lexus conseguiu implantar-se no mercado americano, onde a sua concorrente da Nissan, a Infiniti, nunca teve grande sucesso. Mas os responsáveis japoneses rapidamente se aperceberam que não era viável continuarem a depender quase exclusivamente dos clientes mais antigos, pois à medida que a idade avança, os condutores tendem a deixar de comprar carros novos e até mesmo de conduzir.

A opção de avançar para um estilo mais dinâmico e atraente foi saudada em todos os mercados, do europeu ao chinês, passando obviamente pelo americano. Mas, aí, apenas junto dos novos clientes, precisamente aqueles que até agora não colocavam a hipótese de adquirir um dos veículos da marca e que passaram a identificar-se mais facilmente com os novos coupés LC ou a berlina LS.

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O elemento mais marcante da nova linguagem estilística é a grelha, que levou cerca de seis meses a ser apurada em computador, com a ajuda de programas de realidade virtual, para depois as 5.000 peças que formam a rede serem alvo da dedicação de um artesão, uma a uma, de forma a conferir-lhe o desejado aspecto final.

Há muitos clientes da marca, que estão connosco desde o início, e que agora me ligam e estão ao telefone quase uma hora a lamentar-se do novo estilo dos nossos modelos, com ênfase na grelha”, admite o responsável máximo da Lexus nos EUA, Jeff Bracken.

Bracken já previa alguns dissabores, mas confessa que “era necessário rejuvenescer a marca e os clientes”, pois hoje quem compra Lexus “tem em média 60 anos”, e este é um valor que o fabricante está “a tentar reduzir”. É aqui que entram os novos clientes, mais jovens e que tradicionalmente adquiriam veículos na concorrência, e que parecem ter menos problemas em aceitar o novo look.

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