Bruno de Carvalho não fugiu muito ao tom bélico e ao ataque no discurso inaugural na assembleia geral do Sporting onde será sufragada a sua continuidade na presidência do clube (de forma direta ou indireta, através da votação das alterações estatutárias e do novo regulamento disciplinar), mas acabou por “surpreender” ao invocar alguns nomes que antes não estavam na sua mira, casos de José Roquette, Rogério Alves e até o ex-treinador Marco Silva.

Mais uma vez, Pedro Madeira Rodrigues, candidato derrotado nas últimas eleições, foi também mencionado por Bruno de Carvalho, que acusou o gestor de “fugir de Portugal” mas já ter feito “mais intervenções desde dia 3 do que fez na campanha eleitoral”. “Nos últimos 20 anos, ninguém ouviu falar deste senhor no universo sportinguista”, referiu, antes de recordar o episódio do pedido de uma auditoria de gestão externa: “Depois de se recusar a pagar aquilo que disse que pagava mas não pagava, este senhor tem a seguinte declaração: ‘A honestidade do presidente do Sporting fica em dúvida’, numa carta que apenas fez chegar à comunicação social”.

Depois de anunciar muito antes desta reunião magna que estaria fora do país este fim-de-semana por questões profissionais, Madeira Rodrigues foi ainda assim o primeiro a reagir às declarações de Bruno de Carvalho e com frases duras de resposta. “O mesmo que diz que eu fugi é o mesmo cobardolas que saiu a chorar de um debate televisivo comigo? Aprendi em casa e a jogar no Sporting a não ter medo de ninguém, muito menos de egocêntricos armados aos ditadores”, salientou, em declarações reproduzidas pelo jornal Record.

“Depois de um tremendo esforço de propaganda, nomeadamente com a mobilização massiva de muitos assalariados do clube, o que ficou disto tudo foi uma muito menor margem de tolerância para quem, como se viu nos últimos dias, insiste em ser o maior factor de instabilidade do Sporting. Não se poderia ter evitado tudo isto? Vamos agora ver se a vergonhosa ‘caça às bruxas’ será reforçada, sendo que já existem mais meios formais para o fazer (…) Ao menos hoje não teremos mais lamentáveis posts ‘choramingas’, mas infelizmente sobraram fanfarronices e atitudes divisionistas. Foram abertas várias feridas entre a família sportinguista e criados ainda mais inimigos externos. O que é que ganhamos com isto? A grande vantagem é que agora já não haverá desculpas para eventuais resultados negativos. Hoje houve um Sporting que morreu e nasceu outro bem diferente como até Bruno de Carvalho já reconheceu”, acrescentou mais tarde, já depois do discurso de vitória do presidente leonino.

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Também Carlos Severino, que teve de sair do Pavilhão João Rocha escoltado pela polícia já depois de ter sido insultado no interior do recinto e que ainda levou um empurrão por parte de um associado mais exaltado cá fora, colocou o ónus da situação em Bruno de Carvalho. “O presidente da Mesa da Assembleia Geral teve um discurso impecável lembrando que os inimigos estão fora do Sporting, depois veio presidente criticar os que estavam lá dentro. Foi pouco prudente”, atirou na primeira reação a um dos momentos mais quentes do dia.

“Andava a ser ameaçado há 15 dias, inclusive o meu irmão que falou em ameaças de morte anónimas. Fui seguido por três elementos à vez que iam insultando e empurrando, fui votar e acabei por me ir embora. Isto acontece porque penso pela minha cabeça, sou sportinguista desde 1953, mas a gestão, nunca insultei ninguém. Bruno de Carvalho utiliza muito a não verdade mas, quando tenho de elogiar, elogio, quando tenho de criticar, critico. Até a família de João Rocha, a Juve Leo, Abrantes Mendes, Dias da Cunha, pessoas que deram tanto ao clube. É o causador do que me aconteceu a mim com esses discursos”, acrescentou mais tarde na SIC.

Por fim, fonte próxima de Rogério Alves deixou também uma curta declaração ao jornal A Bola, destacando que o advogado “responderá a Bruno de Carvalho quando, se, nas circunstâncias e nos moldes que bem entender”.