Fernando Negrão admite que, antes de decidir avançar com uma candidatura para a liderança da bancada parlamentar do PSD, foi “sondado” por “alguém próximo de Rui Rio”, para saber da sua “disponibilidade para trabalhar com a nova direção”. Numa entrevista ao Observador durante o congresso do PSD, que decorre em Lisboa, Negrão diz ainda que não põe “fasquias públicas” sobre o número de votos que deve ter para tomar posse, mas afirma que tem uma “fasquia” na sua “cabeça”: 50 votos mais um.

Questionado sobre a hipótese de surgirem candidaturas alternativas à sua, Fernando Negrão disse desconhecer, mas ser uma hipótese possível. “Qualquer deputado seria um bom candidato, mas esperar que uns avancem para depois avançar não faz muito sentido em democracia”, disse. O cenário que está mais em cima da mesa é o de Negrão ser candidato único à sucessão de Hugo Soares nas eleições da bancada do próximo dia 22, pelo que é preciso equacionar a hipótese de surgirem muitos votos em branco, como forma de protesto. É nessa lógica que Negrão diz ter uma fasquia na sua cabeça: a da maioria simples.

“Sim, sabemos que se ganham eleições com mais um voto do que a maioria, por isso é daí que partimos”, disse, dando a entender que se os votos nulos ou brancos forem superiores que os votos a favor, não tomará posse. Mas também nota:

“Tivemos primeiros-ministros que foram eleitos com votações à pele e que foram grandes primeiros-ministros, e tivemos outros que foram eleitos com grandes votações e que foram piores primeiros-ministros”, disse no estúdio do Observador no recinto do congresso do PSD.

Certo é que o magistrado e ex-governante não quer uma bancada a “falar a uma só voz”, sublinhando que as divergências são saudáveis. “Não quero a bancada a falar a uma só voz, quero que sejam reuniões vivas, que haja posições divergentes e que consigamos chegar a consensos”, disse, afirmando-se “preparado” para enfrentar António Costa nos debates quinzenais no Parlamento.

Elogiando o discurso de Rui Rio desta sexta-feira, onde “rejeitou taxativamente um bloco central”, Negrão disse que o que espera do novo líder do PSD é “uma reafirmação das suas propostas para o país e uma unidade relativamente ao partido”. “O objetivo não é o PSD ser primeiro, porque já é, o objetivo é ser mais primeiro para formar governo”, sublinhou, mostrando que a meta de Rio para 2019 deve ser a de não só ganhar, como ter mais deputados (juntamente com o CDS) para não voltar a ser impedido de governar.

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